Facilitadores e barreiras do trabalho em equipe interprofissional na perspectiva da reabilitação : análise de evidências da literatura

Abstract

Introdução: A deficiência é compreendida como algum impeditivo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que, ao interagir com barreiras sociais e ambientais, pode limitar a participação plena e igualitária do indivíduo na sociedade. Com isso, a reabilitação visa a ampliar a funcionalidade dessas pessoas, sendo idealmente realizada por equipes interprofissionais, que articulam saberes e práticas distintas de forma integrada e colaborativa. Diante da complexidade do cuidado em saúde – sobretudo no campo da reabilitação – destaca-se a importância do trabalho interprofissional para promover abordagens mais abrangentes e centradas nas necessidades do usuário. Objetivo: Analisar, por meio de revisão integrativa da literatura, facilitadores e barreiras do trabalho em equipe interprofissional na perspectiva da reabilitação. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura (RIL), com busca de dados realizada na plataforma Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para realizar a busca, foram utilizados os descritores controlados do Dicionário de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), em português e em inglês: “reabilitação/rehabilitation” e “relações interprofissionais/interprofessional relations”, combinadas por meio do operador booleano AND. Foram considerados artigos científicos de pesquisa original, de revisão de literatura e relatos de experiência, com publicação entre os anos de 2021 e 2025. Foram excluídos da pesquisa produções científicas duplicadas, resumos/artigos publicados em anais de eventos, cartas, editoriais, ensaios e comentários. Após a obtenção dos resultados, os títulos e resumos foram lidos, sendo selecionados os estudos de interesse da RIL. As publicações foram analisadas por meio de estatística descritiva e da análise de conteúdo. Resultados: A partir dos dados obtidos, verificou-se que os fatores facilitadores identificados incluem a comunicação efetiva, confiança entre os membros da equipe, liderança compartilhada, segurança psicológica e valorização do modelo biopsicossocial. Reuniões regulares e o reconhecimento dos papéis profissionais também foram indicados como elementos que fortalecem a interprofissionalidade. Em contrapartida, as barreiras mais recorrentes foram: falta de tempo institucionalizado, hierarquias rígidas, ausência de modelos mentais compartilhados, subfinanciamento dos serviços e políticas institucionais inadequadas. A interprofissionalidade mostrou-se associada à melhoria da qualidade do cuidado, especialmente em casos clínicos complexos, permitindo decisões mais assertivas e planos terapêuticos mais integrados. Conclusão: O trabalho interprofissional apresenta relevância para a efetividade de processos de reabilitação resolutivos, integrados e centrados nas necessidades do usuário. A literatura apresenta aspectos facilitadores para que isso ocorra. Traz, entretanto, fatores que atuam como barreiras estruturais e organizacionais, que podem limitar a consolidação dessas práticas. O fortalecimento da interprofissionalidade requer investimento em formação profissional colaborativa, liderança comprometida, ambientes de trabalho seguros e políticas institucionais que favoreçam a integração entre os diferentes núcleos profissionais. Recomenda-se que estudos futuros ampliem a busca na literatura (bases de dados e descritores) e aprofundem a investigação sobre as percepções de profissionais e usuários dos serviços de reabilitação sobre o cuidado interprofissional.

Introduction: Disability is understood as a physical, mental, intellectual, or sensory impairment which, when interacting with social and environmental barriers, can limit an individual's full and equal participation in society. Rehabilitation, therefore, aims to enhance the functionality of these individuals and should ideally be carried out by interprofessional teams that integrate diverse knowledge and practices in a collaborative and coordinated manner. Given the complexity of healthcare—especially in the field of rehabilitation—the importance of interprofessional work is highlighted in promoting more comprehensive approaches centered on users' needs. Objective: To analyze, through an integrative literature review, the facilitators and barriers of interprofessional teamwork from the perspective of rehabilitation. Methodology: This is an integrative literature review (ILR), with data collection conducted through the Virtual Health Library (VHL) platform, which includes the MEDLINE and LILACS databases. The search used controlled descriptors from the Health Sciences Descriptors (DeCS) dictionary in both Portuguese and English: “reabilitação/rehabilitation” and “relações interprofissionais/interprofessional relations”, combined using the Boolean operator AND. The inclusion criteria considered original research articles, literature reviews, and experience reports published between 2021 and 2025. Exclusion criteria included duplicate scientific productions, abstracts/articles published in conference proceedings, letters, editorials, essays, and commentaries. After retrieving the results, titles and abstracts were read, and studies relevant to the ILR were selected. The publications were analyzed using descriptive statistics and content analysis. Results: The data showed that the identified facilitating factors include effective communication, trust among team members, shared leadership, psychological safety, and appreciation of the biopsychosocial model. Regular meetings and the recognition of professional roles were also highlighted as elements that strengthen interprofessionality. Conversely, the most frequent barriers were: lack of institutionalized time, rigid hierarchies, absence of shared mental models, underfunding of services, and inadequate institutional policies. Interprofessionality was associated with improved quality of care, especially in complex clinical cases, enabling more assertive decisions and more integrated therapeutic plans. Conclusion: Interprofessional work is relevant to the effectiveness of rehabilitation processes that are resolutive, integrated, and centered on users’ needs. The literature highlights facilitators that support this approach. However, it brings factors that act as structural and organizational barriers that can hinder the consolidation of such practices. Strengthening interprofessionality requires investment in collaborative professional education, committed leadership, safe work environments, and institutional policies that promote integration among different professional groups. It is recommended that future studies broaden their literature search (databases and descriptors) and further investigate the perceptions of professionals and users of rehabilitation services regarding interprofessional care.