Análise do impacto econômico associado à pandemia de COVID-19 em hospitais brasileiros

Abstract

Esta tese buscou analisar o impacto financeiro associado à pandemia de COVID-19 em hospitais brasileiros por meio de três estudos originais. O primeiro estudo quantificou os recursos aplicados no tratamento de pacientes dessa doença, bem como aferiu as taxas de ocupação e a receita nos hospitais estudados. Os resultados apontaram para elevação dos custos, associada à redução na taxa de ocupação nas UTIs, que variou entre 85% e 72%, e à redução de 10% da receita média mensal dos hospitais entre 2019 e 2020. O estudo também destacou o perfil dos investimentos realizados para adaptar-se à pandemia. A análise dos dados revelou que a média de investimento por paciente de COVID-19 foi de I$6.800 (± I$7.664), sendo a compra de respiradores mecânicos o item mais recorrente. No segundo estudo, foram analisados os custos intra-hospitalares de 208 pacientes em um centro brasileiro de referência no tratamento de pacientes com COVID-19, usando a metodologia do Custeio Baseado em Atividades e Tempo (TDABC). A análise buscou identificar os gastos relacionados a cada uma das cinco estratégias de cuidado que foram identificadas no hospital, sendo atendimento na emergência seguido de internação a rota de cuidado mais utilizada (n=118, 57%). A análise das despesas revelou que o custo médio por paciente foi de I$6.818 (± I$9.043). O estudo também investigou os principais determinantes dos custos de tratamento, revelando que estratégias de cuidado que incluíram cuidados intensivos tenderam a apresentar custos mais elevados (p<0,001). A terceira pesquisa ampliou a compreensão dos custos hospitalares com a COVID-19, fornecendo uma análise de hospitais de diferentes cidades e estados do Brasil. Utilizando o TDABC, o estudo identificou um custo médio de internação para pacientes com COVID-19 de I$9.455 (± I$14.460). O estudo também apontou que pacientes admitidos em UTIs tiveram tempo de permanência hospitalar maior (22 ± 18 dias) e maiores custos médios (I$17.870 ± I$18.360), em comparação com tratamentos exclusivamente de enfermaria. O trabalho demonstrou, ainda, que a duração da internação, a demanda por cuidados intensivos, a gravidade da doença e os resultados clínicos tiveram impactos estatísticos significativos (p<0,001) nas estimativas médias de custo. Por meio desta pesquisa, que compreende os três artigos mencionados, foi possível quantificar, numericamente, os custos do tratamento de pacientes de COVID-19, bem como compreender a composição desses mesmos custos. No processo de dimensionar os custos, o TDABC mostrou-se ferramenta útil na avaliação precisa da utilização de recursos hospitalares. Além disso, utilizando-se de métodos estatísticos, puderam-se identificar fatores determinantes que tendem a elevar o custo médio dos tratamentos. A análise de receitas e custos hospitalares despertou, por fim, reflexões sobre a sustentabilidade financeira de longo prazo dos hospitais brasileiros.

This thesis aimed to examine the financial impact of the COVID-19 pandemic on Brazilian hospitals through three original studies. The first study quantified the financial resources allocated to the treatment of COVID-19 patients, as well as assessed hospital occupancy rates and revenue levels in the institutions analyzed. The findings indicated an increase in expenditures, concomitant with a decline in ICU occupancy rates, which ranged from 85% to 72%, and a 10% reduction in the hospitals' average monthly revenue between 2019 and 2020. Additionally, the study identified the profile of investments undertaken to adapt to the pandemic. Data analysis revealed that the average investment per COVID-19 patient was I$6,800 (± I$7,664), with the procurement of mechanical ventilators emerging as the most frequently reported expenditure. The second study focused on the in-hospital costs associated with 208 patients treated at a Brazilian referral center for COVID-19 care, employing the Time-Driven Activity-Based Costing (TDABC) methodology. This investigation aimed to delineate the costs associated with each of the five identified care strategies, with emergency care followed by hospitalization constituting the most frequently adopted care pathway (n=118, 57%). Cost analysis indicated that the mean expenditure per patient was I$6,818 (± I$9,043). The study further examined the principal determinants of treatment costs, revealing that care strategies involving intensive care tended to be significantly more expensive (p<0.001). The third study expanded the understanding of hospital costs associated with COVID-19 by providing an analysis of hospitals across different cities and states in Brazil. Utilizing the TDABC methodology, this investigation estimated a mean hospitalization cost for COVID-19 patients of I$9,455 (± I$14,460). Furthermore, the study demonstrated that patients admitted to ICUs had a longer length of hospital stay (22 ± 18 days) and incurred higher mean costs (I$17,870 ± I$18,360) compared to those receiving exclusively ward-based treatment. The study also identified that hospitalization duration, the need for intensive care, disease severity, and clinical outcomes had statistically significant effects (p<0.001) on the estimated average costs. Through this research, it was possible to quantify, with precision, the costs associated with COVID-19 patient care, as well as to elucidate the composition of these expenditures. In the process of cost estimation, the TDABC methodology proved to be a valuable tool for accurately assessing the utilization of hospital resources. Moreover, the application of statistical methods enabled the identification of key determinants that contribute to increased treatment costs. Finally, the analysis of hospital revenues and expenditures raised reflections regarding the long-term financial sustainability of healthcare institutions.