Português falado : um estudo de atitudes com professores da rede municipal de ensino de Porto Alegre
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Data
1998Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Neste trabalho objetivamos elicitar as atitudes lingüísticas de professores de português de 1° Grau da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, frente a três variedldes do português falado, empregadas por dois alunos de 5. série, bem como verificar se havia relação entre aquelas atitudes e o julgamento desses falantes. Para tanto, postulamos que as duas variedades do português falado, efetivamente usadas em sala de aula, são a que definimos como culta, usada pelos professores, e a popular, uti ...
Neste trabalho objetivamos elicitar as atitudes lingüísticas de professores de português de 1° Grau da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, frente a três variedldes do português falado, empregadas por dois alunos de 5. série, bem como verificar se havia relação entre aquelas atitudes e o julgamento desses falantes. Para tanto, postulamos que as duas variedades do português falado, efetivamente usadas em sala de aula, são a que definimos como culta, usada pelos professores, e a popular, utilizada pelos alunos. Além destas, incluímos uma terceira variedade, a padrão, para investigarmos como os professores a avaliariam no âmbito da fala, já que defendemos que seu uso ocorre, com exclusividade, na escrita e em situações de fala extremamente formais. As dimensões que escolhemos para detectar as atitudes dos professores foram status e solidariedade, depreendidas da literatura; partindo do principio de que a avaliação dos falantes é determinada pela linguagem, optamos por incluí-la, também, como uma dimensão avaliativa complementar. Para a coleta dos dados, escolhemos como método a técnica considerada padrão em estudos de atitudes lingüisticas, denominada matched-guise. Gravamos duas crianças da mesma idade, lendo a mesma história nas variedades do português falado, estruturadas a partir de marcas lingüísticas próprias de cada uma delas. Tais gravações foram submetidas ao julgamento dos professores. Para o registro das respostas, utilizamos escalas semânticas diferenciais, em cada dimensão avaliativa, compostas de indicadores avaliativos binários (um termo e seu oposto, do tipo feio/bonito). Nossas hipóteses centrais previam que os professores avaliariam positivamente o status dos falantes empregando qualquer uma das variedades do português submetidas à apreciação, ainda que em graus diferenciados, em particular quanto ao uso da variedade culta, já que sustentamos ser a variedade realmente utilizada pelos professores na maior parte de suas interações verbais, inclusive em sala de aula. Por este motivo, esperávamos que os professores fossem solidários somente aos falantes desta variedade. Os resultados obtidos para a dimensão de status contrariaram nossas expectativas, uma vez os professores atribuiram escores sempre mais altos e positivos para os falantes da variedade padrão, moderados para os falantes da culta, e mais baixos e negativos para os falantes da variedade popular. O mesmo ocorreu no julgamento da linguagem, o que nos levou a constatar que a avaliação dos falantes é determinada pela variedade de lingua que utilizam. Com relação à solidariedade, os resultados mais uma vez se constituíram em evidência negativa a nossas hipóteses centrais, já que os professores revelaram-se estranhamente solidários a todos os falantes, de um modo geral, independentemente da variedade de lingua utilizada Neste caso, o método que escolhemos para a elicitação de atitudes pode ter falhado, por não discriminar diferenças que transparecem com bastante clareza nas outras duas dimensões. Apesar disso, a análise de nossos resultados deixa claro que, pelo menos, uma certeza existe para os professores que entrevistamos: a da supremacia da variedade padrão e daqueles que dela se utilizam. Diante deste quadro, nossa suposição é de que haja uma lacuna na formação desses docentes, no que diz respeito a estudos variacionistas, que poderia estar, de certa forma, determinando uma postura pedagógica de exclusão, contraditoriamente implementada em escolas de periferia, cuja população-alvo está muito longe de empregar a variedade de língua nelas prestigiada e difundida. ...
Abstract
This research is aimed at eliciting the linguistic attitudes of teachers of Portuguese in municipal schools in Porto Alegre with reference to three varieties of spoken Portuguese used by two fifth-graders as well as establish wether these attitudes are related to their judgment on the speakers. In the order to do so we postulated that the two varieties of spoken Portuguese employed in the classroom are the ones defined as C register ( Culta in Portuguese, meaning the dialect of the cultural eli ...
This research is aimed at eliciting the linguistic attitudes of teachers of Portuguese in municipal schools in Porto Alegre with reference to three varieties of spoken Portuguese used by two fifth-graders as well as establish wether these attitudes are related to their judgment on the speakers. In the order to do so we postulated that the two varieties of spoken Portuguese employed in the classroom are the ones defined as C register ( Culta in Portuguese, meaning the dialect of the cultural elite), which is the used by teachers, and popular register, used by students. Besides, we also included the standard variety to investigate how teachers evaluate it in the field of speech as we uphold that its usage happens exclusively in writing and in extremely formal situations. The dimensions we chose to identify teachers attitudes towards students were "status" and "solidarity", deduced from literature. Believing that speakers evaluation is determined by language we opted to include it as a complementary evaluative dimension. In order to collect data we chose the matched-guise method, which is standard procedure when studying linguistic attitudes. We recorded on tape two children of the same age reading the same text in different varieties of spoken Portuguese, each structured according to its characteristic linguistic marks. Such recordings were judged by the teachers. To record the answers we apIlied differencial semantic scales for each evaluative dimensions composed of binary evaluative markers (a term and its opposite, e.g. ugly/beautiful). Our central hypotesis envisaged that teachers would make a positive evaluation of the speakers status regardless of the variety of Portuguese used by them, even if at different levels, particulary concerning the use of C register, considering that we assumed this variety was actually used by teachers in most verbal interactions, inclusive in the classroom. For this reason, we expected teachers to be sympathetic to speakers of this variety only. The results obtained on the dimension "status" are contrary to our expectations once teachers attributed higher and positive scores to speakers of standard register, average scores to speakers of C register and lower and negative scores to speakers of popular register. The same happened when judging language. We therefore assumed that the evaluation is determined by the variety of Portuguese speakers employ. Concerning solidarity the results once more disclaimed our central hypotesis as teachers were surprisingly sympathetic to all speakers regardless of the variety they used. We believe the method we chose to elicit teachers attitudes might have failed for not discriminating differences th at have surfaced in the other two dime ions. In spite of this, the analysis of the results makes clear that at least the theachers we interviwed can be assured of one thing: the supremacy of the standard variety and its speakers. In conclusion, we believe there is a gap in teachers training regarding to studies on variations which might be determining an exclusion pedagogical attitude implemented contradictorily in schools on the outskirts of the city where the language students use falls short from the one which these schools esteem and advertise. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
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Linguística, Letras e Artes (3020)Letras (1857)
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