Ensinar redação, ensinar escrita : o dilema na prática docente

Abstract

Este trabalho tem como objetivo discutir as diferenças conceituais entre o ato de ensinar redação e o processo de ensinar a escrever, com foco nas práticas educativas no ensino de escrita. A partir de uma revisão teórica e da análise de estudos que abordam o ensino da escrita em contextos escolares, o trabalho explora como o ensino de redação muitas vezes se limita a moldar os alunos para formatos predeterminados, principalmente voltados para exames como o ENEM e os vestibulares. Essa prática, marcada pela massificação da estrutura textual e pela repetição de modelos fixos, tende a restringir o desenvolvimento de práticas críticas e criativas dos alunos. Em contraponto, o ensino de escrita é apresentado como uma abordagem mais ampla e formativa, que privilegia as ideias originais, a expressão pessoal e o pensamento reflexivo, proporcionando ao aluno maior autonomia no uso da linguagem escrita. O estudo se apoia em contribuições de autores como Paulo Coimbra Guedes (2009) e Magali Endruweit (2000) para destacar a importância de uma prática docente que vá além da simples adequação a critérios avaliativos, propondo uma formação que valorize a participação ativa dos estudantes na construção do conhecimento e na transformação social. Conclui-se que o ensino da escrita deve transcender os limites da avaliação escolar, promovendo o desenvolvimento de escritores capazes de pensar criticamente e de interagir com o mundo por meio da linguagem.

This work aims to explore the conceptual distinctions between the act of teaching writing and the broader teaching process, with a focus on educational practices in this area. Through a theoretical review and analysis of studies addressing writing instruction in school contexts, the discussion reveals how teaching writing is often reduced to training students to conform to predetermined formats, primarily geared towards standardized assessments such as the ENEM and entrance exams. This approach, characterized by the massification of textual structures and the repetition of fixed models, tends to constrain the development of students’ critical and creative skills. In contrast, a more expansive view of teaching writing is proposed – one that prioritizes authorship, personal expression, and reflective thinking. This approach fosters greater autonomy for students in their use of written language. Drawing on the insights of scholars such as Paulo Coimbra Guedes (2009) and Magali Endruweit (2000), the work emphasizes the necessity of pedagogical practices that extend beyond mere compliance with evaluative criteria. It advocates for an educational framework that values active student participation in the construction of knowledge and social transformation. In conclusion, the teaching of writing must move beyond the confines of school assessments, fostering the development of writers who are capable of critical thinking and engaging with the world through language.