Avaliação de desfechos materno-fetais de acordo com o critério diagnóstico de diabetes mellitus gestacional

Abstract

Coorte retrospectiva com objetivo de comparar desfechos materno-fetais em gestações complicadas por diabetes mellitus gestacional (DMG) diagnosticado no primeiro trimestre pela glicemia de jejum (GJ) versus segundo trimestre pelo teste de tolerância oral a glicose (TOTG). Foram incluídas mulheres com diagnóstico de DMG que realizaram pré-natal no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e que tiveram o nascimento de seus filhos nesse hospital no período de 2017-2020. O estudo incluiu 320 gestantes, sendo 164 com diagnóstico no primeiro trimestre e 156 no segundo trimestre. A idade média das gestantes foi de 32.9 ± 6.5 anos, maioria eram brancas e adequado nível educacional. Ambos os grupos apresentam índice de massa corporal semelhante (32.7 ± 8.2 vs. 31.0 ± 8.1, p = 0.427), mas foi observado um maior ganho de peso no grupo que recebeu o diagnóstico TOTG (p = 0.013). Houve diferença no tipo de tratamento empregado, sendo que diagnóstico por GJ necessitou de mais uso de metformina (47.5% vs. 33.9%, p = 0.013), enquanto um maior número de gestantes no grupo de TOTG necessitou apenas de dieta (49.3% vs 62.8%, p = 0.016). Não houve diferença em relação ao controle glicêmico (p = 0.215) e ao histórico de má adesão (p = 0.464). Desfechos maternos e fetais foram similares entre os grupos. Conclui-se que na presença de um controle glicêmico e adesão adequados, não há diferença em desfechos gestacionais de acordo com diagnóstico de DMG por meio de glicemia de jejum de primeiro trimestre versus teste tolerância oral à glicose no segundo trimestre.

Retrospective cohort study aimed at comparing maternal and fetal outcomes in pregnancies complicated by gestational diabetes mellitus (GDM) diagnosed in the first trimester versus the second trimester. The study included women diagnosed with GDM who underwent prenatal care at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre and who gave birth to their children at this hospital from 2017 to 2020. The study comprised 320 pregnant women, with 164 diagnosed in the first trimester and 156 in the second trimester. The mean age of the pregnant women was 32.9 ± 6.5 years, and the majority were white with an adequate level of education. Both groups had similar body mass index (BMI) (32.7 ± 8.2 vs. 31.0 ± 8.1, p = 0.427), but a higher weight gain was observed in the group diagnosed by the oral glucose tolerance test (OGTT) (p = 0.013). There was a difference in the type of treatment employed, with the diagnosis by fasting glucose (FG) requiring more use of metformin (47.5% vs. 33.9%, p = 0.013), while a greater number of pregnant women in the OGTT group required only dietary intervention (49.3% vs. 62.8%, p = 0.016). There was no difference in glycemic control (p = 0.215) and the history of poor adherence (p = 0.464). Maternal and fetal outcomes were similar between the groups. In conclusion, in the presence of adequate glycemic control and adherence, there is no difference in gestational outcomes based on the diagnosis of GDM through first trimester fasting glucose versus second-trimester oral glucose tolerance test.