Da opressão da didática mecânica para a crítica da didática de resistência: uma etnografia em uma escola de Gravataí/RS

Abstract

“Quais as experiências didáticas críticas compartilhadas da cultura escola de uma escola municipal de Gravataí/RS?” foi o problema de pesquisa que essa Tese de Doutorado se debruçou a responder adotando como marco teórico para a discussão a Pedagogia Crítica. Reconhecendo a instituição escolar a partir de um contexto de disputas e interesses, a opção teórica-metodológica escolhida foi a de uma etnografia, sendo o estudo de campo realizado ao longo de todo o ano letivo de 2023. Como achados, a etnografia permitiu a interpretação de uma “didática instrumental” e uma “didática crítica” convivendo no cotidiano das aulas de Educação Física da escola investigada. Deste modo, se por um lado foi possível reconhecer o professor, desamparado e esgotado por suas tantas demandas, acolhendo sem maiores capacidades de resistência a perversidade da gestão neoliberal, individualizando o professor como um executor de uma didática mecânica, alicerçada no direcionamento pouco dialógico de materiais didáticos. Foi possível, também, refletir criticamente sobre a formação política do professor incidindo sobre seu potencial transformador, residindo nessa criticidade entendida com exercício o ponto-chave para o enfrentamento dos avanços neoliberais sobre a escola. Cotejando sobre essas didáticas, a ameaça da extinção da experiência político-didática crítica parece saltar os olhos a partir dos achados da etnografia, bem como da interpretação simbólica dos diários de campo e entrevistas. A tese aqui apresentada não sugere a descrença e desesperança ao olhar a instituição social escola, mas propõe um alerta fruto da empiria e o esforço de interpretação expondo elementos da opressão da didática mecânica para a crítica da didática de resistência.

“What are the shared critical didactic experiences of the school culture of a municipal school in Gravataí/RS?” was the research problem that this Doctoral Thesis set out to answer, adopting Critical Pedagogy as the theoretical framework for the discussion. Recognizing the school institution from a context of disputes and interests, the theoretical-methodological option chosen was that of an ethnography, and the field study was carried out throughout the 2023 school year. As findings, the ethnography allowed the interpretation of an “instrumental didactic” and a “critical didactic” coexisting in the daily life of Physical Education classes at the school investigated. Thus, on the one hand, it was possible to recognize the teacher, helpless and exhausted by his many demands, accepting the perversity of neoliberal management without greater capacity for resistance, individualizing the teacher as an executor of a mechanical didactic, based on the little dialogical direction of didactic materials. It was also possible to critically reflect on the political training of teachers, which has an impact on their transformative potential. This criticality, understood as an exercise, is the key to confronting the neoliberal advances in schools. Looking at these didactics, the threat of the extinction of the critical political-didactic experience seems to stand out from the findings of ethnography, as well as from the symbolic interpretation of field diaries and interviews. The thesis presented here does not suggest disbelief or hopelessness when looking at the social institution of school, but it does propose a warning resulting from empiricism and the effort of interpretation exposing elements of the oppression of mechanical didactics for the critique of didactics of resistance.

“¿Cuáles son las experiencias didácticas críticas compartidas de la cultura escolar de una escuela municipal de Gravataí/RS?” fue el problema de investigación que esta Tesis Doctoral se propuso responder, adoptando la Pedagogía Crítica como marco teórico para la discusión. Reconociendo la institución escolar a partir de un contexto de disputas e intereses, la opción teórico-metodológica elegida fue la etnografía, y el estudio de campo se realizó a lo largo del año escolar 2023. Como hallazgos, la etnografía permitió interpretar una “didáctica instrumental’ y una “didáctica crítica” coexistiendo en el cotidiano de las clases de Educación Física en la escuela investigada. Así, por un lado, fue posible reconocer al profesor impotente y agotado por sus múltiples exigencias, aceptando la perversidad de la gestión neoliberal sin mayor capacidad de resistencia, individualizando al profesor como ejecutor de una didáctica mecánica, basada en la falta de diálogo con los materiales didácticos. También fue posible reflexionar críticamente sobre la formación política del profesorado, que incide en su potencial transformador. Esta criticidad, entendida como ejercicio, es la clave para hacer frente a los avances neoliberales en la escuela. Mirando estas didácticas, la amenaza de la extinción de la experiencia políticodidáctica crítica parece sobresalir de los hallazgos de la etnografía, así como de la interpretación simbólica de los diarios de campo y de las entrevistas. La tesis aquí presentada no sugiere incredulidad o desesperanza al mirar la institución social de la escuela, sino que propone una advertencia resultante del empirismo y del esfuerzo de interpretación exponiendo elementos de la opresión de las didácticas mecánicas para criticar las didácticas de resistencia.