Prazer e sofrimento no trabalho em serviço de atendimento móvel de urgência e o impacto da pandemia da COVID-19 : estudo de coorte

Abstract

Introdução: as equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) trabalham com elevada exposição a riscos ocupacionais e situações de prazer e sofrimento no trabalho. Soma-se a isso o agravamento dos riscos ocupacionais e dos estressores laborais pelo contexto pandêmico. Objetivo: identificar o impacto da pandemia da COVID-19 após dois anos sobre os indicadores de prazer e sofrimento no contexto de trabalho dos profissionais do SAMU de uma capital sul-brasileira. Método: estudo de coorte, de abordagem quantitativa, do tipo observacional, realizado no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de uma capital sulbrasileira. Compuseram a amostra do estudo 52 profissionais (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores) que responderam ao instrumento de pesquisa contendo dados sociodemográficos e laborais e a Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho em dois tempos, pré-pandemia (tempo 1) e durante a pandemia (tempo 2). Os dados foram submetidos a testes estatísticos com auxílio do SPSS. Aspectos éticos foram respeitados e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: na amostra predominou o sexo masculino (55,8%), com média de idade de 44,69 (±8,21), sendo 25 (48,1%) técnicos de enfermagem, 12 (23,1%) enfermeiros, 11 (21,2%) condutores e 4 (7,7%) médicos. Quanto aos indicadores de prazer no trabalho, não houve diferença na avaliação satisfatória da liberdade de expressão e do reconhecimento antes e durante a pandemia. A pandemia impactou sobre o aumento da sobrecarga dos profissionais, cuja avaliação passou de moderada no período pré-pandêmico a grave durante a pandemia (p=0,05). Considerações finais: o trabalho no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência foi permeado por vivências de prazer e sofrimento antes e durante a pandemia pela COVID-19. O período pandêmico impactou nas vivências de sofrimento no trabalho, impactando efetivamente na maior sobrecarga, o que revela a necessidade de medidas de amparo quanto a este aspecto com vistas a minimizar efeitos negativos sobre a saúde dos profissionais do serviço pré-hospitalar de urgência.

Introduction: the Mobile Emergency Care Service teams work with high exposure to occupational risks and situations of pleasure and suffering at work. Added to this is the worsening of occupational risks and work stressors due to the pandemic context. Objective: to identify the impact of the COVID-19 pandemic after two years on indicators of pleasure and suffering in the work context of SAMU professionals in a southern Brazilian capital. Method: cohort study, with a quantitative approach, of the observational type, carried out at the Mobile Emergency Care Service in a south brazilian capital. The study sample consisted of 52 professionals (doctors, nurses, nursing technicians and drivers) who responded to the research instrument containing sociodemographic and labor data and the Scale of Indicators of Pleasure and Suffering at Work in two stages, pre-pandemic (time 1) and during the pandemic (time 2). The data were submitted to statistical tests with the aid of SPSS. Ethical aspects were respected and the participants signed the Informed Consent Form. Results: the sample was predominantly male (55.8%), with a mean age of 44.69 (±8.21), with 25 (48.1%) nursing technicians, 12 (23.1%) nurses, 11 (21.2%) drivers and 4 (7.7%) doctors. As for indicators of pleasure at work, there was no difference in the satisfactory assessment of freedom of expression and recognition before and during the pandemic. The pandemic had an impact on the increase in the burden of professionals, whose assessment went from moderate in the pre-pandemic period to severe during the pandemic (p=0.05). Final considerations: work at the Mobile Emergency Care Service was permeated by experiences of pleasure and suffering before and during the COVID-19 pandemic. The pandemic period had an impact on the experiences of suffering at work, effectively impacting on greater overload, which reveals the need for measures to support this aspect in order to minimize negative effects on the health of professionals in the pre-hospital emergency service.