Relação dos estilos parentais sobre o comportamento alimentar e o estado nutricional em crianças nascidas pré-termo de muito baixo peso comparadas com seus pares a termo em idade pré-escolar

Abstract

Introdução: Os estilos parentais na alimentação podem influenciar no comportamento alimentar na infância. As dificuldades relacionadas à alimentação e ao estado nutricional são frequentemente relatadas em crianças nascidas pré-termo. Objetivo: Comparar a associação dos estilos parentais na alimentação sobre o comportamento alimentar e o estado nutricional de pré-escolares muito pré-termo e/ ou de muito baixo peso (MBP) com aqueles nascidos a termo. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com uma coorte de crianças nascidas pré-termo <32 semanas de idade gestacional e/ ou muito baixo peso (<1500 gramas), com idade entre três a seis anos. Os prematuros foram comparados com grupo de crianças da mesma idade nascidas a termo (>37 semanas de idade gestacional e peso ao nascer >2500g). Foram aplicados o Questionário de Estilos Parentais na Alimentação (QEPA), para avaliar o estilo educativo parental na alimentação, e os questionários Behavioral Pediatrics Feeding Assessment Scale (BPFAS) e o Child Eating Behaviour Questionnaire (CEBQ) para avaliarem o comportamento alimentar infantil. Realizadas as medidas antropométricas das crianças, como peso, altura, perímetro da cintura, circunferência braquial, perímetro cefálico e dobras cutâneas (triciptal e subescapular). O escore-z do Índice de Massa Corporal para Idade (IMC/I) foi calculado para avaliar o estado nutricional. Os testes t-Student, Mann Whitney, qui- quadrado de Pearson e a análise de variância foram empregados para comparar os grupos. Os fatores confundidores foram identificados através da Directed Acyclic Graph e ajustados através da análise de regressão. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (2019-0809). Resultados: Um total de 147 pré-escolares participaram do estudo, sendo 107 nascidos pré-termo e 40 do grupo a termo. A mediana de idade das crianças foi de 4,4 anos (3,5-4,9) no grupo pré-termo e 4,5 anos (3,4-5,3) no grupo a termo, 47% (n=50) eram do sexo masculino no grupo pré-termo e 60% (n=24%) no grupo a termo. O estado nutricional das crianças foi similar entre os grupos pré-termo e termo, assim como foram semelhantes as correlações entre os grupos: frequência de problemas de comportamento alimentar durante a refeição - escore total frequência do BPFAS com exigência (pré-termo r=-0,34; e a termo r=-0,73) e com responsividade (pré-termo r=0,56 e a termo r=0,66), desinteresse por comida do CEBQ com exigência (pré-termo r=0,43 e a termo r=0,44) e com responsividade (pré-termo r=-0,28 e termo r=-0,40). O escore-z do IMC/I não se associou com as dimensões exigência e responsividade do QEPA. Após análise de regressão para os fatores de confusão a associação entre a responsividade e desinteresse por comida perdeu significância após ajustes. Conclusões: O estilo parental na alimentação mostrou estar associado ao comportamento alimentar de forma similar entre pré-escolares prematuros e aqueles nascidos a termo.

Introduction: Parental feeding styles can influence eating behavior, in childhood. Feeding and nutritional status difficulties are frequently reported in children born preterm. Objective: To compare the influence of parental feeding styles on the eating behavior and nutritional status of preschool children born very preterm and/or with very low birth weight (VLBW) with those born at term. Methods: This is a cross-sectional study with a cohort of children born preterm (<32 weeks of gestational age and/or very low birth weight [<1500 grams]), aged between three and six years. The preterm cohort was compared with a group of children of the same age born at full-term (>37 weeks of gestational age and birth weight >2500g). The Caregiver's Feeding Styles Questionnaire (CFSQ) was applied to assess parental feeding educational styles, and the Behavioral Pediatrics Feeding Assessment Scale (BPFAS) and the Child Eating Behaviour Questionnaire (CEBQ) were used to assess children's eating behavior. Anthropometric measurements were also taken, including weight, height, waist circumference, arm circumference, head circumference, and skinfold thickness (triceps and subscapular). The BMI-for-age z-score was calculated to assess nutritional status. Student's t-test, Mann-Whitney test, Pearson's chi-square, and analysis of variance (ANOVA) were used to compare the groups. The confounding factors were identified through the Directed Acyclic Graph and adjusted through regression analysis. The project was approved by the Research Ethics Committee (2019-0809). Results: A total of 147 preschoolers participated in the study, with 107 born preterm and 40 in the full-term group. The median age of the children was 4.4 years (3.5-4.9) in the preterm group and 4.5 years (3.4-5.3) in the full-term group, with 47% (n=50) being male in the preterm group and 60% (n=24) in the full-term group. The nutritional status of the children was similar between the preterm and full-term groups, as were the correlations between groups: frequency of eating behavior problems during meals—BPFAS total frequency score with demandingness (preterm r=‒0.34 and full-term r=‒0.73) and with responsiveness (preterm r=0.56 and full-term r=0.66); food avoidance on the CEBQ with demandingness (preterm r=0.43 and full-term r=0.44) and with responsiveness (preterm r=‒0.28 and full-term r=‒0.40). The BMI/A z-score was not associated with the demandingness and responsiveness dimensions of the CFSQ. After regression analysis for confounding factors, the association between responsiveness and food avoidance lost significance after adjustments. Conclusions: The parental feeding style was shown to be similarly associated with eating behavior among preschoolers born preterm and those born at full-term.