Relação entre o alinhamento postural estático e dinâmico de membros inferiores e a dor no quadril em dançarinos

Abstract

Justificativa: A prática da dança envolve movimentos repetitivos e complexos, e na maioria das vezes desigual entre um lado e outro do corpo, o que pode predispor o dançarino a disfunções musculoesqueléticas, especialmente nos membros inferiores. Nesse contexto, a presente dissertação pretende contribuir para os conhecimentos em ciência da dança relacionados ao alinhamento postural e a dor no quadril. Objetivo: Relacionar o alinhamento postural estático e dinâmico de membros inferiores com a dor no quadril em dançarinos. Métodos: Três estudos foram conduzidos: (1) revisão sistemática da literatura para identificar os principais fatores associados a dor no quadril de dançarinos; (2) estudo observacional descritivo para desenvolver valores de referência para o MADAAMI II; e (3) estudo observacional correlacional para investigar a associação entre desalinhamentos posturais, estáticos e dinâmicos, e a dor no quadril de dançarinos. A coleta dos dados dos estudos observacionais foi realizada no Festival de Dança de Joinville, em 2023. Participaram da pesquisa 355 dançarinos, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 15 anos, com experiência de pelo menos 5 anos em ballet. Os dançarinos foram divididos em 2 grupos: jovens (com idades entre 15 e 18 anos) e adultos (com 19 anos ou mais). Para avaliação foram utilizados: anamnese; MADAAMI-II (Método de Avaliação Dinâmica do Alinhamento Articular de Membros Inferiores); software DIPA© (Digital Image-based Postural Assessment) para avaliar o alinhamento postural estático; e HAGOS-Br (The Brazilian hip and groin outcome score) para caracterizar a dor no quadril. Resultados: De acordo com a revisão realizada no estudo 1, os fatores que têm alguma associação com a dor no quadril são: ângulo alfa, ângulo de versão acetabular, translação femoroacetabular, ruptura do ligamento redondo direito, histórico de problemas ou lesões atuais ou passados no quadril e fora dele, ou seja, lesões em outras regiões do corpo, além de sinovite e defeitos na cartilagem no sexo feminino. No estudo 2, valores de referência para o MADAAMI-II foram desenvolvidos e podem ser utilizados para triagem da estabilidade de membros inferiores de dançarinos a partir dos 15 anos. Os resultados do estudo 3, mostraram que o grupo que constatou dor no quadril, há mais de 3 meses, apresentou frequência semanal significativamente maior da prática de dança do que aqueles sem dor no quadril. Além disso, a pelve desalinhada no plano frontal estático se correlacionou com a dor no quadril, já o alinhamento dos joelhos, não. Na análise dinâmica, os escores do joelho, pés e geral tiveram diferença significativa entre os grupos com e sem dor, mas o escore da pelve não. Conclusão: A dor no quadril está associada ao desalinhamento da pelve no plano frontal estático, além de ter uma correlação inversa com o alinhamento dinâmico do pé, joelho e geral.

Justification: Dance practice involves repetitive and complex movements, often uneven between the two sides of the body, which can predispose dancers to musculoskeletal dysfunctions, especially in the lower limbs. In this context, this dissertation aims to contribute to the knowledge in dance science related to postural alignment and hip pain. Objective: To relate static and dynamic lower limb postural alignment with hip pain in dancers. Methods: Three studies were conducted: (1) a systematic literature review to identify the main factors associated with hip pain in dancers; (2) a descriptive observational study to develop reference values for MADAAMI II; and (3) a correlational observational study to investigate the association between static and dynamic postural misalignments and hip pain in dancers. Data collection for the observational studies was conducted at the Joinville Dance Festival in 2023. A total of 355 dancers, of both sexes, aged 15 years or older, with at least 5 years of ballet experience, participated in the research. The dancers were divided into 2 groups: youth (ages 15 to 18) and adults (19 years or older). The following were used for evaluation: anamnesis; MADAAMI-II (Lower Limb Joint Alignment Dynamic Assessment Method); DIPA© software (Digital Image-based Postural Assessment) to assess static postural alignment; and HAGOS-Br (The Brazilian hip and groin outcome score) to characterize hip pain. Results: According to the review conducted in study 1, the factors associated with hip pain include: alpha angle, acetabular version angle, femoroacetabular translation, rupture of the right round ligament, history of current or past hip problems or injuries, and injuries in other regions of the body, as well as synovitis and cartilage defects in females. In study 2, reference values for MADAAMI-II were developed and can be used for screening lower limb stability in dancers aged 15 and older. The results of study 3 showed that the group experiencing hip pain for more than 3 months had a significantly higher weekly frequency of dance practice than those without hip pain. Furthermore, a misaligned pelvis in the static frontal plane correlated with hip pain, whereas knee alignment did not. In the dynamic analysis, knee, foot, and overall scores showed significant differences between groups with and without pain, but the pelvic score did not. Conclusion: Hip pain is associated with pelvic misalignment in the static frontal plane and is inversely correlated with dynamic foot, knee, and overall alignment.