Estudo retrospectivo de acidentes com animais peçonhentos em cães e gatos registrados no Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT-RS) entre 2014 e 2023
Fecha
2024Nivel académico
Grado
Tipo
Materia
Resumo
Os acidentes com animais peçonhentos são uma questão de saúde pública devido à sua frequência de ocorrência e gravidade, especialmente em zonas rurais, onde o acesso ao serviço de saúde pode ser dificultado e haja uma demora no atendimento. A gravidade varia de acordo com o agente causador, entre outros fatores, mas os acidentes sempre são considerados emergências clínicas devido ao alto risco de óbito em caso de atendimento tardio. O presente estudo observou a frequência dos acidentes notifica ...
Os acidentes com animais peçonhentos são uma questão de saúde pública devido à sua frequência de ocorrência e gravidade, especialmente em zonas rurais, onde o acesso ao serviço de saúde pode ser dificultado e haja uma demora no atendimento. A gravidade varia de acordo com o agente causador, entre outros fatores, mas os acidentes sempre são considerados emergências clínicas devido ao alto risco de óbito em caso de atendimento tardio. O presente estudo observou a frequência dos acidentes notificados ao Centro de Informações Toxicológicas do estado e buscou revisar as principais características de cada agente, visando ampliar o olhar clínico do veterinário para esses casos. No Rio Grande do Sul, os tipos de acidentes mais comuns são os ofídicos (49%), acidentes provocados por aranhas (27,3%) e ataques de abelha (10%), respectivamente. As serpentes do gênero Bothrops spp. lideram o ranking de maior número de casos (96,3%), provavelmente devido à sua ampla distribuição geográfica e ao seu comportamento agressivo de defesa. O número de acidentes com cascavéis (Crotalus spp.) não foi relevante (um caso em dez anos) para o período. Provavelmente, isto ocorre pelo fato de as cascavéis não engajarem em comportamentos agonistas com frequência, preferindo utilizar o seu chocalho para avisar aos outros animais da sua presença. Os acidentes com as serpentes do gênero Micrurus spp. foram o segundo tipo de ofidismo mais prevalente, mas com baixo número de ocorrências. O mesmo ocorre com os acidentes provocados por aranhas, onde as Phoneutria spp. são apontadas como principais agentes causadoras (49%). Seu hábito peridomiciliar e comportamento agressivo podem estar relacionados à maior frequência de acidentes pelo gênero. O número de acidentes provocados por aranhas do gênero Loxosceles spp. pode ser dar ao fato dos indivíduos possuírem hábito domiciliar, mas não costumam ser agressivas. Os acidentes com abelhas são bastante frequentes (10%), e o risco envolvido se dá principalmente devido à chance de ataques massivos e reações de hipersensibilidade. Acidentes com escorpiões representaram 6,5% do total de notificações, sendo o Bothriurus bonariensis a principal espécie envolvida. Ainda, houve 15 registros de acidentes com lagartas urticantes (3,63%) que não representam acidentes de interesse toxicológico por serem de espécies de baixa importância médica. Não houve notificação de casos de acidentes com escorpiões amarelos (Tityus serrulatus) ou lagartas peçonhentas de importância médica. O número de acidentes com agentes ignorados é relevante e pode refletir em uma subnotificação importante. É de extrema importância que os médicos veterinários possam reconhecer as síndromes clínicas e conseguir realizar o diagnóstico o mais rápido possível. O Centro de Informações Toxicológicas pode ser uma ferramenta muito útil na identificação de agentes e orientação de protocolos padronizados, visando otimizar o prognóstico dos pacientes. ...
Abstract
Accidents involving venomous animals are a public health issue due to their frequency and severity, especially in rural areas where access to healthcare services may be limited and delays in treatment can occur. The severity varies depending on the causative agent, among other factors, but these accidents are always considered clinical emergencies due to the high risk of death if treatment is delayed. This study observed the frequency of accidents reported to the state's Toxicology Information ...
Accidents involving venomous animals are a public health issue due to their frequency and severity, especially in rural areas where access to healthcare services may be limited and delays in treatment can occur. The severity varies depending on the causative agent, among other factors, but these accidents are always considered clinical emergencies due to the high risk of death if treatment is delayed. This study observed the frequency of accidents reported to the state's Toxicology Information Center and aimed to review the main characteristics of each agent to enhance veterinarians' clinical awareness of these cases. In Rio Grande do Sul, the most common types of accidents are pit viper bites (49%), spider bites (27.3%), and bee stings (10%), respectively. Snakes of the genus Bothrops spp. lead the ranking with the highest number of cases (96.3%), likely due to their wide geographical distribution and aggressive defensive behavior. The number of accidents involving rattlesnakes (Crotalus spp.) was not significant (one case in ten years) for the period. This is likely because rattlesnakes do not engage in agonistic behaviors frequently, preferring to use their rattles to warn other animals of their presence. Accidents involving snakes of the genus Micrurus spp. were the second most prevalent type of envenomation but with a low number of occurrences. The same applies to accidents caused by spiders, with Phoneutria spp. being identified as the main causative agents (49%). Their peridomestic habits and aggressive behavior may be related to the higher frequency of accidents involving this genus. The number of accidents caused by spiders of the genus Loxosceles spp. could be attributed to their domestic habits, but they are not usually aggressive. Bee stings are quite frequent (10%), and the associated risk is mainly due to the possibility of massive attacks and hypersensitivity reactions. Scorpion stings represented 6.5% of the total notifications, with Bothriurus bonariensis being the main species involved. Additionally, there were 15 reports of accidents involving stinging caterpillars (3.63%) that are not of toxicological concern due to their low medical importance. There were no reports of accidents involving yellow scorpions (Tityus serrulatus) or medically significant venomous caterpillars. The number of accidents involving unidentified agents is significant and may indicate substantial underreporting. It is crucial for veterinarians to recognize clinical syndromes and make diagnoses as quickly as possible. The Toxicology Information Center can be a very useful tool in identifying agents and guiding standardized protocols to improve patient prognosis. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Veterinária. Curso de Medicina Veterinária.
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