A potência política do caminhar : a ocupação do território guarani mbya pelo movimento circular

Abstract

Propomos contribuir para um conhecimento teórico, político, transdisciplinar, crítico e sensível acerca do caminhar como dispositivo de ocupação e de agenciamento de paisagens e territórios no século XXI. Para isso, buscamos ensaiar a desnaturalização de ordens e regimes hegemônicos de visibilidade e autorização discursiva, por meio da disposição e busca de entendimento da experiência nômade do povo Guarani Mbya e sua influência na configuração da paisagem contemporânea do sul do Brasil. O texto inicia relacionando o caminhar com ato estético de agenciamento de políticas de apropriação espacial e produção de paisagens, apontando as diferentes formas de caminhar dos nômades e sedentários, seus modos de produção de espaço e como andar pode se tornar um ato incendiário. Segue com um estudo sobre a mobilidade dos Guarani Mbya, como sua subjetividade influencia no seu movimento e ressignificação espacial de seu mundo em ruínas. Concluímos apontando o caminhar como agente da dignidade humana, que traz consigo ventos de esperança, que buscam algum caminho para a equanimidade nas paisagens desse sul do mundo.

We propose to contribute to a theoretical, political, transdisciplinary, critical, and sensitive knowledge about walking as an occupation device for managing landscapes and territories in the 21st century. For this, we seek to test the denaturalization of orders and hegemonic regimes of visibility and discursive authorization, through the disposition and search for understanding of the nomadic experience of the Guarani Mbya people and its influence in the configuration of the contemporary landscape of southern Brazil. The text begins by relating walking with the aesthetic act of arranging policies for spatial appropriation of landscape production, pointing out the different ways of walking for nomads and sedentary people, their modes of space production and how walking can become an incendiary act. It follows with a study on the mobility of the Guarani Mbya, how their subjectivity influences their movement and spatial re-signification of their world in ruins. We conclude by pointing out walking as an agent of human dignity, which brings with it winds of hope, which seek some path towards equanimity in the landscapes of the south of the world.