A mulher gorda, o controle do corpo e a feminilidade no trabalho de Michaela Stark

Abstract

Michaela Stark é uma artista e designer de moda que vem recebendo atenção e sucesso na rede social Instagram e em alguns luxuosos circuitos de moda a partir da produção e veiculação de fotografias que têm como personagens principais mulheres gordas, flácidas e curvilíneas. Para tanto, o objetivo deste trabalho é analisar a produção de feminilidades a partir do trabalho fotográfico e conceitual de Michaela no contexto contemporâneo de plataformas sociais como o Instagram. Para tanto, são usados como base teórica Michel Foucault para falar do controle do corpo, Naomi Wolf para abordar o mito da beleza e Abigail Saguy junto de George Vigarello para falar sobre as percepções e representações do corpo gordo ao longo das décadas. Nesse caminho, realizar-se-á uma pesquisa qualitativa a partir de análise de imagens que foi estruturada segundo as matrizes teóricas de Martine Joly, dando enfoque em elementos plásticos e elementos icônicos. Esse processo permitiu responder à pergunta de pesquisa que buscava compreender como a produção artística de Michaela se relaciona com o mito da beleza e cria significação através da expressão de feminilidades em corpos gordos. Os resultados demonstraram que o trabalho fotográfico da artista consegue perturbar as convenções de beleza e feminilidade do contemporâneo ao salientar corpos gordos, disformes e grotescos ao mesmo tempo que a artista se beneficia desse estranhamento e, em alguns momentos, acaba reforçando alguns estereótipos.

Michaela Stark is an artist and fashion designer who has been gaining attention and success on the social network Instagram and in a few luxury fashion circuits through the production and dissemination of photographs featuring fat, flabby and curvaceous women. The aim of this paper is to analyze the production of femininity based on Michaela's photographic and conceptual work in the contemporary context of social platforms such as Instagram. To this end, Michel Foucault will be used as a theoretical basis to talk about the control of the body, Naomi Wolf to address the beauty myth and Abigail Saguy as well as George Vigarello to talk about the perceptions and representations of the fat body over the decades. Along these lines, a qualitative study will be carried out based on an analysis of images that has been structured according to Martine Joly's theoretical matrices, focusing on plastic and iconic elements. This process made it possible to answer the research question, which sought to understand how Michaela's artistic production relates to the beauty myth and creates meaning through the expression of femininity in fat bodies. The results showed that the artist's photographic work manages to upset contemporary conventions of beauty and femininity by highlighting fat, misshapen and grotesque bodies, while at the same time the artist benefits from this strangeness and, at times, ends up reinforcing certain stereotypes.