Efeito facilitador da nifedipina, bloqueador de canais de cálcio voltagem-dependentes do tipo L, sobre a memória de esquiva inibitória quando administrada no hipocampo de ratos

Abstract

Existem várias evidências do efeito benéfico que as dihidropiridinas, bloqueadores dos canais de cálcio voltagem-dependentes do tipo L, têm sobre a capacidade cognitiva de indivíduos que sofreram desordens do sistema nervoso central como isquemia, doenças degenerativas, lesões e ainda aqueles que apresentam déficites de memória decorrentes da velhice. Por outro lado, os efeitos destas drogas sobre a capacidade cognitiva de animais neurologicamente intactos é bastante contraditória. Várias hipóteses tentam explicar o mecanismo de ação que suporta estes efeitos, embora nenhum trabalho até agora tenha sido capaz de apontar uma resposta definitiva para a base de tais efeitos. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da administração - intrahipocampal de Nifedipina, uma dihidropiridina, sobre a memória de ratos adultos neurologicamente intactos na tarefa de esquiva inibitória. Para isto ratos wistar fêmeas foram bilateralmente canulados na região CAl do hipocampo dorsal. Através das cânulas os animais receberam microinfusões de 0,5ul de Nifedipina nas concentrações de 28ng ou 280ng ou seu veículo (20% dimetilsufóxido em salina). Os animais foram submetidos a sessões de treino e de teste na tarefa de esquiva inibitória, com um intervalo de 24 horas, e o efeito das drogas sobre a memória desta tarefa foi avaliada com administrações em diferentes tempos: 10 minutos antes do treino, imediatamente após ou ainda trinta minutos após o treino. Os resultados obtidos confirmaram o efeito nootrópico das dihidropiridinas anteriormente descrito em animais adultos normais (Levy, 1991; McMonagle-Strucko, 1993; Quatermain, 1993), pois quando injetada imediatamente após a sessão de aprendizado a dose mais alta de nifedipina facilitou significativamente a memória dos animais em relação a seus controles. Embora o mecanismo responsável por este efeito continue desconhecido, nossos resultados contribuem para delimitar os possíveis processos envolvidos. Devido às dimensões da área atingida pela microinfusão e à restrita vascularização presente no local, é extremamente improvável que o efeito vasodilatador, no qual baseia-se uma das atuais propostas de mecanismo, seja responsável por uma resposta tão intensa. Outros estudos que busquem elucidar o mecanismo de ação destas drogas serão de grande importância devido ao grande potencial terapêutico que estas apresentam.