Percursos de participação política de mulheres idosas não alfabetizadas

Abstract

O direito ao voto feminino no Brasil tem menos de um século e só foi garantido integralmente em 1985, com a inclusão dos não alfabetizados. O objetivo central deste trabalho é compreender os sentidos que mulheres idosas que não são alfabetizadas atribuem à participação política e ao papel educativo dessa participação. Para isso, ouvir o relato sobre o modo como percebem a participação política em suas vidas se fez necessário para compreender o quanto a representatividade feminina nas decisões públicas pode fazer diferença em suas escolhas, o quanto elas acreditam na política, tanto na que é feita nos bastidores do poder, quanto nas mobilizações de sua comunidade, além de remontar histórias de um período em que muitas vezes recebemos apenas as narrativas de historiadores. O estudo foi feito através de uma abordagem investigativa qualitativa e privilegiou a fala dessas mulheres, em um pequeno número não representativo do universo de indivíduos de mesmo perfil. Procuramos perceber as relações que estabelecem entre o voto, a participação política e o seu mundo pessoal, suas experiências e vivências, suas situações práticas e toda a interação que elas perceberam advir de suas realidades.