Fazendas d’água : uma etnografia da aquicultura a partir do sul do Brasil
Visualizar/abrir
Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Este trabalho é resultado da pesquisa de doutorado que teve duração de quatro anos (2019 – 2023) no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Essa pesquisa foi baseada numa etnografia multiespécies, tendo como foco as três espécies exóticas cultivadas no Sul do Brasil a partir da atividade de aquicultura (dois peixes e um molusco): carpas no Rio Gr ...
Este trabalho é resultado da pesquisa de doutorado que teve duração de quatro anos (2019 – 2023) no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Essa pesquisa foi baseada numa etnografia multiespécies, tendo como foco as três espécies exóticas cultivadas no Sul do Brasil a partir da atividade de aquicultura (dois peixes e um molusco): carpas no Rio Grande do Sul, ostras em Santa Catarina e tilápias no Paraná. De maneira a contar a história sobre as fazendas d’água no Sul do país, traço um panorama histórico da atividade, incluindo as alterações legislativas que conformaram a atividade, de maneira a compreender melhor o movimento recente que passou a descolar pesca e aquicultura, e aproximar aquicultura e demais cadeias de produção animal terrestre. A partir desse descolamento, a aquicultura começa a ser inscrita como uma cadeia emergente de produção animal e um ramo em ascensão no agronegócio brasileiro. Atualmente a aquicultura passa por um momento de reconfiguração importante, que implica na intensificação e industrialização da produção, o que pode ser observado a partir da descrição destas diferentes espécies exóticas, do menos intensificado e industrializado – carpas – até o mais, agenciando a tilápia enquanto a principal commodity da aquicultura brasileira. Parte do crescimento da aquicultura brasileira advém da incorporação do pescado às indústrias de grãos e outros animais terrestres; além da aliança com as usinas hidrelétricas e da obtenção de licenças para uso de águas da União para fins de aquicultura, junto à conformação dos oceanos em territórios voltados para o cultivo de animais e outros organismos aquáticos. Por conta disso, a aquicultura também pode ser pensada enquanto uma infraestrutura de governança da água em diferentes ambientes aquáticos, seja de águas continentais, ou oceânicas, assim como um dispositivo de domesticação de animais e água. Assim, a história da aquicultura no sul do Brasil é baseada em sonhos de progresso, modernidade e sustentabilidade em meio às diversas alterações ambientais que são afetadas por - ao mesmo tempo em que também produzem - ecologias do Antropoceno. ...
Abstract
This work is the result of the PhD research that I accomplished as a student for the past four years (2019 – 2023) in the Postgraduate Program in Social Anthropology at the Federal University of Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS) with funding from the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). This research was based on a multispecies ethnography, focusing on three exotic species cultivated in Southern Brazil from aquaculture activities (two fish and one mollusk): carp in ...
This work is the result of the PhD research that I accomplished as a student for the past four years (2019 – 2023) in the Postgraduate Program in Social Anthropology at the Federal University of Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS) with funding from the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). This research was based on a multispecies ethnography, focusing on three exotic species cultivated in Southern Brazil from aquaculture activities (two fish and one mollusk): carp in Rio Grande do Sul, oysters in Santa Catarina and tilapia in Paraná. In order to tell the story about water farms in the south region of the country, I provide a historical overview of the activity, including the legislative changes that shaped the activity, in order to better understand the recent movement that began to separate fishing and aquaculture, and bring aquaculture and other terrestrial animal production chains closer together. After this detachment, aquaculture began to be inscribed as an emerging chain of animal production and a growing branch of Brazilian agribusiness. Currently, aquaculture is going through a moment of important reconfiguration, which implies the intensification and industrialization of production, which can be observed from the description of these different exotic species, from the least intensified and industrialized – carp – to the most, enacting tilapia as the main commodity of Brazilian aquaculture. Part of the growth of Brazilian aquaculture comes from the incorporation of fish into grain and other land animal industries; in addition to the alliance with hydroelectric plants, and obtaining licenses to use Union waters for aquaculture purposes; along with the conformation of the oceans in to territories dedicated to the cultivation of animals and other aquatic organisms. Because of this, aquaculture can also be thought of as a water governance infrastructure in different aquatic environments, whether in continental or oceanic waters, as well as an artifact of the domestication of animals and water. Thus, the history of aquaculture in Southern Brazil is based on dreams of progress, modernity and sustainability amidst the diverse environmental changes that are affected by - while also producing - Anthropocene ecologies. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social.
Coleções
-
Ciências Humanas (7479)Antropologia Social (472)
Este item está licenciado na Creative Commons License