Comportamento fenológico e ocorrência de cancro cítrico em genótipos de citros na depressão central do Rio Grande do Sul

Abstract

Na maioria dos lugares do mundo, a citricultura caracteriza-se pela produção das mesmas cultivares, havendo o predomínio de laranjas e de tangerinas. Contudo, há uma diversidade muito grande de espécies e híbridos possíveis para o cultivo. Este trabalho visa estudar o comportamento fenológico e o acúmulo térmico de 25 genótipos de laranjeiras e 23 tangerineiras, bem como a progressão anual e poliética do cancro cítrico em 24 laranjeiras, ao longo de três anos consecutivos (2015-16, 2016-17 e 2017-18), nas condições edafoclimáticas da Depressão Central do Rio Grande do Sul. As laranjeiras apresentam o período de inchamento das gemas (BBCH 51) entre as datas médias de 11 de julho a 05 de agosto e as tangerineiras entre 23 de julho e 12 de agosto, de acordo com cada cultivar, muitas ainda em pleno inverno, o que aumenta o risco de danos por geadas. Mesmo assim, a região apresenta condições adequadas de suprimento térmico para o desenvolvimento dos frutos e o pleno crescimento das plantas. O pleno florescimento (BBCH 65) das laranjeiras, nessa região, ocorre entre as datas médias de 28 de agosto e 22 de setembro, enquanto para as tangerineiras ocorre entre 29 de agosto e 15 de setembro. O último estádio avaliado, mudança da cor da casca dos frutos (BBCH 81), foi alcançado com valores de 2.306,4 a 2.619,4 graus-dia acumulados (GDA) para as laranjeiras e 2.184 e 2.413,4 GDA para as tangerineiras, ocorrendo entre o início de abril até fins de maio, para ambos. As cultivares também foram agrupadas, quanto aos GDA e intervalo médio entre o inchamento das gemas e mudança de cor da casca, em precoces e tardias. Os dados de incidência de cancro cítrico foram ajustados aos modelos monomolecular, logístico e de Gompertz, ambos compostos pelos parâmetros de incidência inicial (y0), taxa aparente de infecção (r), incidência máxima assintótica (ymaxe) e incidência máxima medida (ymaxm). O modelo de melhor ajuste foi o logístico. As laranjeiras ‘Bahia’, ‘Seleta Frank’, ‘Hactur’ e ’Rubi’ foram as mais suscetíveis e ‘Folha Murcha’, ‘Jaffa’, ‘Lue Gim Gong’, ‘Midknight’, ‘Navelina’, ‘Sanguínea’, ‘SC454 Catarina’ e ‘Valência V1’ as mais tolerantes ao cancro cítrico. A ‘Midknight’ não apresentou sintomas de cancro nas avaliações realizadas. O período de maior infecção da doença ocorreu quando as condições meteorológicas favoráveis coincidiram com as fases suscetíveis do desenvolvimento das plantas.

In most parts of the world, citriculture is characterized by the production of the same cultivars, with the predominance of oranges and mandarins. However, there is a very large diversity of species and possible hybrids for cultivation. This work aims to study the phenological stages and the thermal accumulation of 25 genotypes of orange and 23 mandarin trees, as well as the annual and politic progression of citrus canker in 24 orange trees over three consecutive years (2015-16, 2016-17 and 2017-18), under the edaphoclimatic conditions of the Central Depression of Rio Grande do Sul. The orange trees present the period of swelling of the buds (BBCH 51) between the average dates of July 11 to August 5 and the mandarin trees between July 23 and 12 of August, according to each cultivar, many even in the middle of winter, which increases the risk of frost damage. Even so, the region presents adequate conditions of thermal supply for the development of the fruits and the full growth of the plants. The full bloom (BBCH 65) of the orange trees in this region occurs between the average dates of August 28 and September 22, while for the mandarin trees it occurs between August 29 and September 15. The final stage evaluated, fruit color change (BBCH 81), was reached with values of 2,306.4 to 2,619.4 accumulated day-degrees (ADD) for orange trees and 2,184 and 2,413.4 ADD for mandarin, occurring between the beginning of April and the end of May, for both. The cultivars were also grouped for ADD and mean interval between bud swelling and bark color change, in early and late. The incidence rates of citrus canker were adjusted to the monomolecular, logistic and Gompertz models, both composed by the initial incidence (y0), apparent rate of infection (r), asymptotic maximum incidence (ymaxe) and maximum measured incidence (ymaxm). The best fit model was logistic. The orange trees ‘Bahia’, ‘Seleta Frank’, ‘Hactur’ e ’Rubi’, were the most susceptible and ‘Folha Murcha’, ‘Jaffa’, ‘Lue Gim Gong’, ‘Midknight’, ‘Navelina’, ‘Salustiana’, ‘Sanguínea’, ‘SC454 Catarina’ and ‘Valência V1’ were the most tolerant to citrus canker, being that ‘Midknight’ howed no symptoms of cancer in any of the evaluations performed. The period of greatest infection of the disease occured when the favorable meteorological conditions coincided with the phases susceptible of the development of the plants.