A revolução nacional saudita e a política externa de Mohammed Bin Salman Al Saud

Abstract

Este trabalho analisa a Revolução Nacional Saudita e a política externa de Mohammed bin Salman (MBS). O período de análise se dá entre 2010 e 2023, visto que o ano de 2010 marcou o início da Primavera Árabe, fenômeno motivador da Revolução Nacional Saudita, iniciada após a ascensão de Salman bin Abdulaziz Al Saud, em 2011. Já o ano de 2023 marcou a pacificação do Reino da Arábia Saudita com a República Islâmica do Irã e com a Síria, além de ser o ano em que a Arábia Saudita esteve próxima de reconhecer diplomaticamente o Estado de Israel. No entanto, as negociações foram interrompidas após os atentados de 7 de Outubro, quando o Hamas realizou ataques em solo israelense. A pergunta norteadora da pesquisa foi a seguinte: a progressiva ascensão de Salman e MBS é a causa das alterações nas tomadas de decisões da Arábia Saudita? A resposta hipotética confere à Salman e MBS a responsabilidade pelas mudanças de agenda econômica, política e social na Arábia Saudita, isto através de ações como a limitação da influência dos clérigos wahhabis e o lançamento do Saudi Vision 2030, projeto de infraestrutura saudita que visa fazer do país um hub logístico e industrial através da obtenção do Centro de Decisão Econômica. Assim, além de conectar África, Ásia e Europa, o principal objetivo do Saudi Vision no Oriente Médio é romper com a conflagração e promover a integração regional através de investimentos e bem-estar social, preenchendo o vácuo deixado pela Guerra ao Terror e pela Primavera Árabe. Em perspectiva doméstica os sauditas têm êxito, visto que na esfera política MBS consegue agradar a Casa de Saud, os teólogos muçulmanos e à juventude civil, ao tempo em que na esfera econômica os empreendimentos de engenharia do Saudi Vision estão sendo executados normalmente. Em perspectiva global os sauditas usam de Política Externa Independente e barganha para se equilibrar entre China, Estados Unidos e Rússia, posto que em um mundo multipolar a política externa alinhada é ineficaz. Em conclusão, as reformas promovidas por Salman e MBS fizeram com que a Arábia Saudita buscasse pela autonomia no Sistema Internacional, influenciando o Oriente Médio através da infraestrutura, da integração e da pacificação e o mundo através de sua presença em fóruns de governança global.

This work analyzes the Saudi National Revolution and the foreign policy of Mohammed bin Salman (MBS). The period of analysis takes place between 2010 and 2023, as the year 2010 marked the beginning of the Arab Spring, a phenomenon that motivated the Saudi National Revolution, which began after the rise of Salman bin Abdulaziz Al Saud, in 2011. The year 2023 marked the pacification of the Kingdom of Saudi Arabia with the Islamic Republic of Iran and Syria, in addition to being the year in which Saudi Arabia came close to diplomatically recognizing the State of Israel. However, negotiations were interrupted after the October 7 attacks, when Hamas carried out attacks on israeli soil. The guiding question of the research was the following: is the progressive rise of Salman and MBS the cause of changes in decision-making in Saudi Arabia? The hypothetical answer gives Salman and MBS responsibility for changes in the economic, political and social agenda in Saudi Arabia, through actions such as limiting the influence of wahhabi clerics and the launch of Saudi Vision 2030, a saudi infrastructure project that aims to make of the country a logistical and industrial hub through obtaining the Economic Decision Center. Thus, in addition to connecting Africa, Asia and Europe, the main objective of Saudi Vision in the Middle East is to break the conflagration and promote regional integration through investment and social well-being, filling the vacuum left by the War on Terror and the Arab Spring. From a domestic perspective, the saudis are successful, since in the political sphere MBS manages to please the House of Saud, muslim theologians and civilian youth, while in the economic sphere Saudi Vision's engineering ventures are being carried out normally. From a regional perspective, the saudis seek greater integration in the Gulf Cooperation Council and an end to tensions between regional powers such as Iran and Israel so that the Saudi Vision can be successful. From a global perspective, the saudis use an Independent Foreign Policy and bargaining to balance between China, the United States and Russia, since in a multipolar world aligned foreign policy is ineffective. In conclusion, the reforms promoted by Salman and MBS made Saudi Arabia seek autonomy in the International System, influencing the Middle East through infrastructure, integration and pacification and the world through its presence in global governance forums.