Em liminaridade : política externa da administração autônoma de Rojava

Abstract

Rojava é um caso peculiar nas relações internacionais. Uma revolução socialista libertária fruto dos esforços de uma minoria oprimida no contexto da Guerra Civil Síria, ela conquistou o clamor internacional como a linha de frente contra o Estado Islâmico, e pelo enorme papel das mulheres como soldados nesse conflito. Rojava se encontra presa entre suas aspirações revolucionárias que têm inspirado a solidariedade da esquerda internacional, e o seu papel como uma força militar apoiada pelos EUA. Este trabalho se utiliza de publicações de notícias, dados publicados pela ONU, e outras obras acadêmicas para analisar Rojava tanto como um ator estatal e não-estatal, e como essas narrativas aparentemente conflitantes convergem e revelam Rojava como uma entidade que desafia classificações binárias. Ademais, ele argumenta que a posição internacional de Rojava é muito mais precária do que pode parecer, e que apesar da grande simpatia pública oferecida a ela, Rojava tem dificuldade de garantir qualquer forma de reconhecimento ou apoio mesmo quando cercada de forças hostis. Ele conclui que sua natureza liminal, assim como suas narrativas propagandísticas aparentemente contraditórias, são uma consequência de sua luta por legitimidade, tanto entre sua população como no palco mundial.

Rojava is a peculiar case in international relations. A libertarian socialist revolution born from the efforts of a persecuted minority group in the Syrian Civil War, it achieved international acclaim as the frontline fighters against the Islamic State, and for the massive role of female soldiers in that struggle. Rojava is stuck between its revolutionary aims which have inspired solidarity among the international left, and its role as a US-backed military force. This paper utilizes news publications, UN-published data, and other scholarly works to analyze Rojava as both a state and non-state actor, and how these seemingly conflicting narratives all converge to reveal Rojava as an entity that defies binary classification. Furthermore, it argues that Rojava’s international position is much more precarious than it might first appear, and that despite the public outpouring of sympathy, it struggles to find any form of recognition or support while surrounded by hostile forces. It concludes that its liminal nature, as well as its use of seemingly contradictory propaganda narratives, is a consequence of its struggle for legitimacy among its own people and on the world stage.