Desafios da educação em neurociência da dor como estratégia fisioterapêutica : uma metassíntese das percepções de pacientes com dor musculoesquelética crônica

Abstract

Introdução: A dor musculoesquelética crônica (DMC) é uma condição complexa e uma das principais causas de incapacidade. Uma estratégia que vem sendo adotada por fisioterapeutas na atualidade é a Educação em Neurociência da Dor (END), mas ainda pouco se sabe sobre como os pacientes percebem essa nova forma de conceituar a dor. Objetivo: Explorar quais são as percepções dos pacientes com DMC sobre estratégias de END no tratamento de Fisioterapia. Método: Este estudo trata-se de uma metassíntese. Foi realizada uma busca em sete bases de dados e os artigos foram selecionados por duas pesquisadoras independentes. A análise temática dos estudos seguiu os seis passos descritos por Braun e Clarke. Resultados: Foram selecionados sete estudos para compor esta revisão. A análise dos estudos encontrou três temáticas relevantes para conhecer as percepções dos pacientes com DMC sobre a END: (1) Crenças e experiências no processo de reconceituação da dor, (2) Influência das estratégias pedagógicas sobre a reconceituação da dor e (3) Relação entre reconceituação da dor e benefícios clínicos. Conclusão: Os estudos incluídos nesta revisão indicam que os participantes encontram desafios no processo de reconceituação da dor, sendo o maior deles a mudança na crença de que a intensidade da dor está diretamente relacionada à lesão tecidual. Os participantes demonstraram uma preferência por intervenções mais longas, em grupo e associadas a exercícios, assim como por estratégias pedagógicas que utilizam exemplos e explicações que contemplem suas experiências. O benefício clínico mais comentado nos estudos foi a redução do medo do movimento, melhor percebido pelos participantes que modificaram seu conceito de dor. Como implicações para a prática clínica, destacam-se a necessidade de propor intervenções que permitam aos pacientes experimentar uma aplicação prática do que está sendo ensinado e estabelecer relações diretas com as especificidades da sua condição. Em relação às pesquisas futuras, seria interessante investigar como os profissionais tem se capacitado para a END e quais estratégias eles identificam como mais eficazes nas intervenções, permitindo uma comparação entre a percepção de pacientes e fisioterapeutas.

Introduction: Chronic musculoskeletal pain (CMP) is a complex condition and one of the main causes of disability. Currently, physical therapists adopt the PNE strategy, however, there is a few information on how patients perceive this new way of conceptualizing pain. Objective: To explore what are the perceptions of patients with CMP about PNE strategies in Physiotherapy treatment. Method: This study is a metasynthesis. A search was performed in seven databases and the articles were selected by two independent researchers. Thematic analysis of the studies followed the six steps described by Braun and Clarke. Results: Seven studies were selected to compose this review. The analysis of the studies found three relevant themes to know the perceptions of patients with CMD about PNE: (1) Beliefs and experiences in the process of reconceptualizing pain, (2) Influence of pedagogical strategies on the reconceptualization of pain and (3) Relationship between reconceptualization of pain and clinical benefits. Conclusion: The studies included in this review indicate that participants face challenges in the process of reconceptualizing pain, the biggest being the change in the belief that pain intensity is directly related to tissue injury. Participants showed a preference for longer interventions, in groups and associated with exercises, as well as for pedagogical strategies that use examples and explanations that contemplate their experiences. The most commented clinical benefit in the studies was the reduction of fear of movement, better perceived by participants who changed their concept of pain. As implications for clinical practice, we highlight the need to propose interventions that allow patients to experience a practical application of what is being taught and establish direct relationships with the specifics of their condition. Regarding future research, it would be interesting to investigate how professionals have been trained for PNE and which strategies they identify as more effective in interventions, allowing a comparison between the perception of patients and physical therapists.