Utilização de placa bloqueada na face cranial do fêmur de gatos domésticos : estudo anatômico e biomecânico

Abstract

Atualmente a população de gatos no país é estimada em 24,7 milhões de indivíduos. Em felinos, grande parte das fraturas envolvem os ossos longos, sendo o fêmur o mais frequentemente afetado com 30%dos casos. O cirurgião deve optar por método de estabilização que mantenha o comprimento e o alinhamento ósseo, previna a rotação, compressão axial e encurvamento, e se adapte ao paciente. O formato retilíneo da diáfise femoral em gatos torna-a especialmente adequada para osteossíntese com placas e parafusos. Algumas apresentações de fraturas não permitem a aplicação de placa na superfície lateral do fêmur de gatos e acredita-se que a aplicação da mesma na superfície cranial possa ser adequada para a estabilização. O presente estudo avaliou sob o ponto de vista anatômico e biomecânico, a utilização de placa bloqueada na face cranial do fêmur de gatos domésticos comparando com a aplicação na face lateral. Para este estudo foram utilizados 6 cadáveres de felinos domésticos e, destes, coletados os fêmures para testes pareados. Foram mensurados diâmetros ósseos proximal, médio e distal em três pontos pré-determinados no eixo anatômico com auxílio de paquímetro digital e a partir de imagens radiográficas com software de planejamento cirúrgico ortopédico (vPOP). Foi realizada ostectomia em diáfise femoral simulando fratura cominutiva e esta foi estabilizada por placas LCP em face lateral ou cranial de forma ramdomizada nos pares. Esses pares de fêmures foram submetidos a ensaios mecânicos de compressão. As mensurações do diâmetro ósseo evidenciaram que o plano cranial apresentou maior diâmetro em relação ao lateral. Os resultados dos ensaios mecânicos evidenciaram que as placas bloqueadas aplicadas na superfície cranial dos fêmures conferiram maior rigidez aos corpos de prova. Os resultados obtidos sugerem que a aplicação da placa na superfície cranial demonstra ser alternativa viável para osteossíntese de fraturas diafisárias cominutivas de fêmur em felinos domésticos. Mais estudos são necessários para avaliar o uso dessa técnica em avaliações biomecânicas que não mensuradas.

Currently, the population of cats in the country is estimated at 24.7 million individuals. In cats, most fractures involve the long bones, the femur being the most frequently affected in 30% of cases. The surgeon should choose a stabilization method that maintains bone length and alignment, prevents rotation, axial compression and bending, and a dapts to the patient. The straight shape of the femoral shaft in cats makes it especially suitable for osteosynthesis with plates and screws. Some fracture presentations do not allow the application of a plate to the lateral surface of the femur in cats an d it is believed that application of the plate to the cranial surface may be adequate for stabilization. The present study evaluated, from an anatomical and biomechanical point of view, the use of a locked plate on the cranial face of the femur of domestic cats, compared to the application on the lateral face. For this study, 6 cadavers of domestic felines were used and, from these, the femurs were collected for paired tests. Proximal, medium and distal bone diameters were measured at three predetermined points on the anatomical axis with the aid of a digital pachymeter and from radiographic images with orthopedic surgical planning software (vPOP). Ostectomy was performed in the femoral diaphysis, simulating a comminuted fracture, and this was stabilized by LCP plates on the lateral or cranial face, in a ramdomized way in pairs. These pairs of femurs were subjected to mechanical compression tests. Bone diameter measurements showed that the cranial plane had a greater diameter in relation to the lateral one. The results of the mechanical tests showed that the locked plates applied to the cranial surface of the femurs provided greater rigidity to the specimens. The results obtained suggest that the application of the plate on the cranial surface proves to be a viable alternative for osteosynthesis of comminuted femoral diaphyseal fractures in domestic cats. More studies are needed to evaluate the use of this technique in non-measured biomechanical assessments.