Marcadores sociais, estigma e narrativas de risco e saúde na testagem rápida para HIV entre usuários e profissionais da saúde

Abstract

Objetivo: Analisar como as narrativas de profissionais e usuários articulam noções como risco e promiscuidade na identificação de quais usuários deveriam realizar o aconselhamento e o teste rápido para HIV na atenção primária. Método: Pesquisa qualitativa com 10 usuários e 8 profissionais da atenção primária de Porto Alegre, que responderam a uma entrevista semi-dirigida, analisada a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Psicologia Discursiva. Os resultados foram organizados em um mapa discursivo que aponta os preconceitos e estigmas associados à temática. Dentre os motivos para a escolha das pessoas que deveriam realizar o teste, surgem questões relacionadas à idade, gênero, vulnerabilidade, uso de substâncias e à ideia de pessoas “promíscuas”, que fazem “mais sexo” e têm “muitos parceiros”. É importante notar que o uso do preservativo, um dos elementos centrais que define a exposição, nem sempre estava presente, produzindo um discurso estigmatizador e moral em relação às vivências e práticas.

Objective: To analyze how the narratives of professionals and users articulate notions such as risk and promiscuity in the identification of which users should undergo counseling and rapid HIV testing in primary care. Method: Qualitative research with 10 users and 8 primary care professionals in Porto Alegre, who responded to a semi-structured interview, analyzed from the theoretical-methodological assumptions of Discursive Psychology. The results were organized in a discursive map that points out the prejudices and stigmas associated with the theme. Among the reasons for choosing which people should undergo testing, there are questions related to age, gender, vulnerability, substance use, and the concept of “promiscuous” individuals who have “more sex” and have “multiple partners”. It is important to note that the use of condoms, one of the key elements that defines exposure, was not always present, leading to a stigmatizing and moral discourse regarding experiences and practices.