Estimativa de massa corporal em vertebrados fósseis e suas implicações para a paleoecologia do Rauissúquio Prestosuchus Chiniquensis (Paracrocodylomorpha Loricata ) do Mesotriássico do RS

Abstract

O estudo da paleoecologia, especialmente de vertebrados fósseis, perpassa por uma série de fatores que influenciam em possíveis interpretações acerca das características dos animais analisados. Um destes fatores chave se encontra na estimativa de massa destes organismos fósseis, que oferece uma gama de propriedades provenientes da obtenção deste dado, como dieta, aspectos biomecânicos, fisiológicos e morfológicos. Este trabalho descreve algumas metodologias de obtenção de massa de organismos fósseis (especificamente regressão matemática, modelos matemáticos e modelos em escala, físicos e digitais), as quais foram aplicadas, como estudo de caso, no predador de topo de cadeia alimentar no Mesotriássico do RS, Prestosuchus chiniquensis, e como os diferentes valores obtidos pelas distintas metodologias influenciam as interpretações ecológicas possíveis para o animal estudado. Neste estudo, aplicamos as distintas metodologias sobre um espécime hipotético com 4,50 m de comprimento, usando como parâmetro as dimensões do esqueleto quase completo do espécime UFRGS-PV-0629-T, da Coleção de Paleovertebrados da UFRGS. Após a comparação e discussão dos resultados obtidos, concluímos que a estimativa mais consistente apontaria uma massa de 365 kg para um Prestosuchus de 4,5m, baseando-se não só no trabalho proposto, como também comparando com organismos semelhantes viventes e extintos, como por exemplo o dragão de Komodo e o rauissúquio Postosuchus kirkpatricki (Chatterjee, 1985) dos EUA, único táxon equivalente a Prestosuchus para o qual já foi feita uma análise semelhante. Tomando como base a massa obtida pudemos considerar os aspectos mecânicos e ecológicos de Prestosuchus, o qual provavelmente adotaria uma estratégia de caça por emboscada, incluindo uma possível mudança para a postura bípede e ortógrada durante as atividades de caça.

The study of paleoecology, especially of fossil vertebrates, involves a series of factors that influence possible interpretations regarding the characteristics of the animals analyzed. One of these key factors is the estimated mass of these fossil organisms, which offers a range of properties resulting from obtaining this data, such as diet, biomechanics, physiology and morphological aspects. This work describes some methodologies for obtaining the mass of fossil organisms (specifically mathematical regression, mathematical models and scale models, physical and digital), which were applied, as a case study, to the top predator of the Mesotriassic food chain in RS, Prestosuchus chiniquensis, and how the different values obtained by different methodologies influence the possible ecological interpretations for the animal studied. In this study, we applied such different methodologies to a hypothetical specimen measuring 4.50 m in length, using as a parameter the dimensions of the almost complete skeleton of the specimen UFRGS-PV-0629-T, from the UFRGS Paleovertebrate Collection. After comparing and discussing the results obtained, we concluded that the most consistent estimate would indicate a mass of 365 kg for a 4.5m Prestosuchus, based not only on the proposed work, but also comparing with similar living and extinct organisms, such as, for example, the Komodo dragon and the rauisuchian Postosuchus kirkpatricki (Chatterjee, 1985) from the USA, the only taxon equivalent to Prestosuchus for which a similar analysis has already been carried out. Based on the mass obtained, we were able to consider the mechanical and ecological aspects of Prestosuchus, which would probably adopt an ambush hunting strategy, including a possible change to a bipedal and orthograde posture during hunting activities.