Análise integrada petrográfica-estratigráfica dos estromatolitos mistos da Formação Caboclo, Mesoproterozoico da Chapada Diamantina, BA

Abstract

O estudo dos estromatolitos experimentou considerável avanço ao longo dos anos, especialmente devido à sua importância em reconstruções paleoambientais e paleoecológicas. No entanto, são escassas as investigações sobre estromatolitos aglutinantes do Pré-cambriano, especialmente do Mesoproterozoico. A Formação Caboclo, inserida no Supergrupo Espinhaço da Chapada Diamantina, Bahia, possui exemplos de estromatolitos aglutinantes bem preservados. O presente estudo se baseia na análise integrada estratigráfica e petrográfica da Formação Caboclo, concentrando-se na descrição detalhada dos depósitos microbiais estromatolíticos em dois afloramentos (Cristal B e Cristal C). Ambos afloramentos representam a porção inferior das seções Cristal B e Cristal C da Formação Caboclo, e estão separados por 0,9 km, exibindo uma correlação lateral entre as fácies Edg e Eh. Para a classificação dos estromatolitos foram considerados aspectos de meso-, macro- e microescala, incluindo estruturas e texturas internas. Os estromatolitos aglutinantes correspondem a arenitos híbridos siliciclásticos- carbonáticos, finos a muito finos, bem selecionados, intensamente substituídos por dolomita. Com base nas suas características geométricas e estruturais foram identificadas três fácies distintas: Estromatolitos Dômicos de Grande Porte (Edg), Estromatolitos horizontais (Eh) e Calhas entre os estromatolitos de grande porte (CEdg). Os estromatolitos Edg formam domos de 2 a 3 metros de largura e 1,5 a 2,0 metros de altura, compostos internamente por estruturas colunares ou domos menores, com larguras de até 15 cm que encontram-se ao longo de toda seção. Entre os domos ocorrem calhas preenchidas por arenitos híbridos, muito finos a finos, com laminações onduladas truncadas por ondas de pequeno a médio porte. Todas as fácies tem composição híbrida siliciclástica-carbonática, sendo os detríticos grãos de quartzo, feldspatos e micas e a composição carbonática, é exclusivamente dolomita diagenética. Os estromatolitos se desenvolveram emum contexto de plataforma dominada por ondas, conforme sugerem as fácies sedimentares associadas. Esse contexto deposicional era caracterizado pela alternância no regime energético entre condições de baixa energia, quando ocorria a acreção microbial, e momentos de mais alta energia, quando tempestades retrabalhavam os domos e depositaram arenitos com laminações onduladas nas calhas entre domos.

The study of stromatolites has experienced considerable progress over the years, especially due to their importance in paleoenvironmental and paleoecological reconstructions. However, investigations into agglutinative stromatolites from the Precambrian, especially from the Mesoproterozoic, are scarce. The Caboclo Formation, inserted in the Espinhaço Supergroup of Chapada Diamantina, Bahia, has examples of well-preserved agglutinative stromatolites. The present study is based on the integrated stratigraphic and petrographic analysis of the Caboclo Formation, focusing on the detailed description of the stromatolitic microbial deposits in two outcrops (Cristal B and Cristal C). Both outcrops represent the lower portion of the Cristal B and Cristal C sections of the Caboclo Formation, and are separated by 0.9 km, exhibiting a lateral correlation between the Edg and Eh facies. For the classification of stromatolites, meso-, macro- and microscale aspects were considered, including internal structures and textures. The agglutinating stromatolites correspond to siliciclastic-carbonate hybrid sandstones, fine to very fine, well sorted, intensely replaced by dolomite. Based on their geometric and structural characteristics, three distinct facies were iden tified: Large Domic Stromatolites (Edg), Horizontal Stromatolites (Eh) and Troughs between large stromatolites (CEdg). Edg stromatolites form domes 2 to 3 meters wide and 1.5 to 2.0 meters high, internally composed of columnar structures or smaller domes, with widths of up to 15 cm that are found throughout the entire section. Between the domes there are troughs filled with hybrid sandstones, very fine to fine, with wavy laminations truncated by small to medium-sized waves. All facies have a hybrid siliciclastic-carbonate composition, with the detrital grains of quartz, feldspars and micas and the carbonate composition being exclusively diagenetic dolomite. The stromatolites developed in a wave-dominated platform context, as suggested by the associated sedimentary facies. This depositional context was characterized by alternation in the energy regime between low-energy conditions, when microbial accretion occurred, and moments of higher energy, when storms reworked the domes and deposited sandstones with wavy laminations in the troughs between domes.