Mindfulness funcional como ferramenta terapêutica complementar para mudança na percepção da satisfação sexual de pacientes fibromiálgicas

Abstract

Introdução: A fibromialgia tem sido mencionada como uma das patologias reumatológicas mais comuns na população mundial, caracterizada como uma doença crônica de dor difusa e de hipersensibilidade à dor, que traz como consequências distúrbios psicossomáticos, gerando impactos nas dimensões físico, psíquico, social e sexual. Nesse sentido uma melhor compreensão a respeito dos prejuízos na sexualidade se faz necessária para subsidiar intervenções multidisciplinares voltadas diretamente a essa problemática, geralmente negligenciada ou relegada a um plano secundário nos tratamentos. O Mindfulness Funcional é um tipo de terapêutica baseado em atenção plena funcional, consciência e aceitação que propõe mudar a forma de perceber os contextos externos e internos dos indivíduos, principalmente em situações desafiadoras como é o caso da fibromialgia. Dentre os principais referenciais teóricos utilizados, ressaltam-se: Centurion (2017), Clauw (2014), Hayes et al(2012), Pogrebinschi (2021). Objetivo: verificar os efeitos do Mindfulness Funcional na percepção da satisfação sexual de mulheres fibromiálgicas de 25 a 50 anos da cidade de Mineiros -GO. Método: O delineamento do estudo foi um ensaio clínico de intervenção do tipo antes-e-depois, longitudinal, não controlado, dividido em três momentos, levantamento da satisfação sexual das mulheres, através da aplicação da Escala de Satisfação Sexual para Mulheres (SSS-W) e Quociente Sexual - Versão feminina (QS-F), Entrevista aberta e Questionário sócio demográfico. A partir dos resultados das análises foi estruturado um Roteiro de 8 semanas baseado no Mindfulness Funcional e após a exposição as participantes responderam novamente a (SSS -W) e (QS-F), onde foi verificado através de análise estatística se houve modificação na percepção da satisfação sexual das mesmas. Resultados: As participantes apresentaram média etária de 42,4 anos e foram diagnosticadas com FM em média há 7 anos. 100% das participantes são casadas ou vivem em união estável, 70% tem 3 filhos, 50% ensino médio completo, 70% possui ocupação remunerada, 50% realizam atividade física em média há 2 anos e todas as participantes recrutadas responderam ter recorrido a outros tipos de terapia além da medicamentosa desde o diagnóstico de FM, tais como: exercícios físicos, fisioterapia, acupuntura, pilates e psicoterapia. Houve um aumento significativo (p<0,001) em alguns domínios específicos nas respostas do QS-F e SSS-W após intervenção. O escore total do QS-F apresentou mudança significativa (47,0 antes - 68,5 depois) e ainda nos domínios desejo e interesse sexual ( 1,83 - 2,92), excitação pessoal e sintonia com o parceiro (2 - 3,31) e conforto na relação sexual (2,90 -4,25). No (SSS-W) os domínios, contentamento (14,6 - 18,8), Preocupação pessoal (17,5 - 21,3) e no escore total (92,7 - 102,9) foi percebido mudança significativa. Conclusão: A partir desses resultados temos evidências que apontam que houve uma mudança na percepção da satisfação sexual das mulheres pesquisadas a partir da intervenção com Mindfulness Funcional.