Tra(n)çando caminhos : a história de vida de Andila Kaingáng

Abstract

Ao longo da história, os povos indígenas enfrentaram significativas lutas, especialmente após a invasão de seus territórios. No entanto, essas lutas seguem sendo invisibilizadas pela História oficial, que insiste em perpetuar informações genéricas, distorcidas ou falsas sobre as culturas indígenas, alimentando estereótipos sobre esses povos. A negação das culturas indígenas faz parte de uma estratégia de manutenção de uma visão hegemônica. Assim, não é de se surpreender que, no século XXI, alunos, professores e acadêmicos se espantem ao descobrir a existência de diferentes povos indígenas no país, que ainda preservam suas línguas, costumes e histórias distintas. A falta de informações sobre o povo indígena Kaingáng, que tradicionalmente habita os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, e sua história, lutas e resistência, impulsiona esta pesquisa. Também impulsiona esta pesquisa a urgência em demarcar este território de conhecimento institucionalizado e colonializado: a universidade, a partir da produção e autoria de uma pesquisadora indígena. Nesse contexto, a pesquisa aborda a educação escolar indígena sob a perspectiva e trajetória de Andila Kaingáng, uma mulher indígena, educadora e líder, também conhecida como “guerreira Kaingáng”. Sua vida é marcada por seu protagonismo no movimento indígena nacional desde os 17 anos, lutando pela educação escolar do povo Kaingáng. Após mais de 500 anos de silenciamento de nossas vozes, a fala de Andila Kaingáng é de extrema importância para reconstruir os caminhos percorridos e as conexões que compõem a história do povo Kaingáng. A trajetória de Andila Kaingáng busca inspirar não apenas o meio acadêmico, mas também todas as mulheres indígenas a superar a marginalização histórica e a ouvir as vozes que ainda ecoam suas lutas e resistências.

Throughout history, indigenous groups have faced many significant battles, especially after their territory was invaded. However, these battles keep being obfuscated by official history,that insists on perpetuating generic, misinformed or false information about indigenous culture, feeding stereotypes about these groups. The denial of indigenous’ cultures is part of a maintenance strategy of a hegemonic point of view. Therefore, it is not surprising that, during the 21st century, students, teachers and academics get shocked when finding out about the existence of different indigenous groups in the country that still preserve their different language, habits and history. The lack of information about the Kaingáng indigenous group, that traditionally lives in the states of Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná and São Paulo, and about their history, battles and resistance, propels this research. It also propels the urgency in delimiting the territory of institutionalized and colonialized knowledge: the university, based on the production and authorship of an indigenous researcher. In this context, this research talks about indigenous education under the perspective and path of Andila Kaingáng, an indigenous woman, tutor and leader who is also known as “Kaingáng Warrior”. Her life is marked by her appearance in the national indigenous movement since she was 17 years old, fighting for the school education of the Kaingáng people. After more than 500 years of silencing our voices, Andila Kaingáng’s speech is extremely important in order to rebuild paths traveled and connections that make up the Kaingáng Group’s history. Andila Kaingáng’s path seeks to inspire not only the academics, but also all indigenous women to overcome history’s marginalization and isten to the voices whose battles and resistances still echo.