Prevalência de hipertensão pulmonar em crianças e adolescentes com apnéia obstrutiva do sono : revisão sistemática e metanálise

Abstract

Os distúrbios respiratórios associados ao sono têm prevalência que varia entre 3 a 27%, na população pediátrica. A apneia obstrutiva do sono (AOS) é considerada a forma mais grave de distúrbio respiratório do sono. Quando não tratada, a AOS está relacionada a alterações neurocognitivas, comportamentais, metabólicas, de crescimento, respiratórias e cardiovasculares. Na população adulta, é bem estabelecido que hipertensão pulmonar (HP) é uma complicação da AOS. Em crianças, entretanto, há poucos e conflitantes estudos sobre a prevalência da HP na AOS. Conhecendo a prevalência de hipertensão pulmonar em crianças com AOS, este estudo poderia auxiliar os médicos a determinar o benefício em realizar a investigação de hipertensão pulmonar por ecocardiograma e quais populações específicas, dentre aqueles com diagnóstico de AOS, se beneficiariam dessa investigação. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de HP (diagnosticada por ecocardiograma) em crianças e adolescentes, entre 0 a 21 anos, com AOS (diagnosticada por polissonografia). Foi realizada revisão sistemática com metanálise segundo o método PRISMA. Resultados: Após a identificação dos potenciais estudos nas bases de dados, foi realizada a seleção por dois autores, tendo sido incluídos 15 estudos na revisão. O número total de crianças e adolescentes com SAOS obtido a partir de todos os estudos foi de 1.610. A prevalência geral de HP encontrada, utilizando modelos aleatórios, foi de 2,7% IC 95% (1,4-5,2) (I2=64%). Os pacientes em maior risco para HP parecem ser aqueles com obesidade, doenças neurológicas, Síndrome de Prader Willi, Síndrome de Down e determinadas cardiopatias congênitas. De todos os estudos que pesquisaram a relação de gravidade da SAOS com HP, nenhum deles encontrou associação entre elas. Conclusões: A prevalência geral de HP é baixa em crianças e adolescentes. A gravidade da SAOS não parece estar relacionada com o aumento de HP. A utilidade do ecocardiograma em crianças e adolescentes com comorbidades necessita de investigação adicional.

Sleep-associated breathing disorders have a prevalence ranging from 3 to 27% in the pediatric population. Obstructive sleep apnea (OSA) is considered the most severe form of sleep-disordered breathing. When untreated, OSA is related to neurocognitive, behavioral, metabolic, growth, respiratory, and cardiovascular changes. In the adult population, it is well established that pulmonary hypertension (PH) is a complication of OSA. In children, however, there are few and conflicting studies on the prevalence of PH in OSA. By knowing the prevalence of pulmonary hypertension in children with OSA, this study could help physicians to determine the benefit of carrying out the investigation of pulmonary hypertension by echocardiogram, and which specific populations, among those diagnosed with OSA, would benefit from this investigation. The aim of this study was to determine the prevalence of PH (diagnosed by echocardiogram) in children and adolescents, aged 0 to 21 years, with OSA (diagnosed by polysomnography). The general prevalence and the associated risk factors were studied. A systematic review with meta-analysis was performed using the PRISMA method. Results: after identifying potential studies in the databases, the selection was made by two authors, and 15 studies were included in the review. The number of children and adolescents with OSA obtained from all studies was 1.610. The general prevalence of PH found using random models was 2,7% CI 95% (1,4-5,2) (I2=64%). Patients at greatest risk for PH appear to be those with obesity, neurological diseases, Prader Willi Syndrome, Down Syndrome, and certain congenital heart defects. Of all the studies that investigate the relationship between OSA severity and PH, none of them found an association between them. Conclusions: The overall prevalence of PH is low in children and adolescents. The severity of OSA does not seem to be related with an increase in PH. The usefulness of echocardiography in children and adolescents with comorbidities requires further investigation.