Efeito do uso de azitromicina profilática por um ano nas exacerbações da doença pulmonar obstrutiva crônica

Abstract

Introdução: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) se caracteriza por obstrução persistente do fluxo aéreo, cursa com exacerbações e está associada com alta morbimortalidade. As exacerbações têm impacto negativo na história natural da DPOC. Objetivos: Primário: Avaliar o efeito da azitromicina profilática por um ano, sobre a frequência de exacerbações estratificadas pela gravidade. Secundários: a) estudar o impacto da azitromicina nas buscas à emergência e internação hospitalar; e b) avaliar a segurança do uso da azitromicina no “mundo real”. Material e métodos: Estudo retrospectivo de “mundo real” com 166 pacientes com DPOC (volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) / capacidade vital forçada < 0,70), com no mínimo duas exacerbações tratadas ambulatorialmente ou uma internação hospitalar nos últimos 12 meses, tratados com azitromicina por um ano ou cuidados usuais. Do prontuário eletrônico foram recuperadas informações sobre exacerbações moderadas e graves, buscas à emergência e internações hospitalares no ano anterior e durante o uso da azitromicina. Os efeitos adversos da azitromicina foram avaliados clinicamente. Indivíduos com bronquiectasias foram excluídos. Resultados: A média de idade foi de 67 ± 9 anos, 60% eram mulheres e o VEF1 foi de 0,93 ± 0,39 litros, 38 ± 16 % do previsto; 81 % tinham DPOC grave ou muito grave. A azitromicina reduziu significativamente as exacerbações totais em relação ao grupo controle (de 3,8 ± 2,1 para 1,8 ± 1,9 versus de 2,0 ± 0,9 para 1,5 ± 1,8; p<0,0001). Houve redução das exacerbações moderadas, graves e nas idas à emergência no grupo da azitromicina em relação ao controle (p<0,01). Não foram observados efeitos adversos pelo uso da azitromicina. Conclusões: O uso de azitromicina intermitente por um ano reduziu as exacerbações moderadas e graves da DPOC, assim como o número de buscas à emergência. Não foram identificados eventos adversos com o uso de azitromicina neste estudo de “mundo real”.

Introduction: Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) is characterized by persistent airflow obstruction, may progress with exacerbations and is associated with high morbidity and mortality. Exacerbations have a negative impact on the natural history of COPD. Objectives: Primary: To evaluate the effect of prophylactic azithromycin for one year on the frequency of exacerbations stratified by severity. Secondary: a) to study the impact of azithromycin on emergency room visits and hospitalization; and b) to evaluate the safety of the use of azithromycin in the “real world”. Material and methods: Retrospective “real world” study of 166 patients with COPD (forced expiratory volume in one second (FEV1) / forced vital capacity < 0.70), with at least two outpatient-treated exacerbations or one hospitalization in the last 12 months, treated with azithromycin for one year or usual care. Information on moderate and severe exacerbations, emergency room visits and hospitalizations in the previous year and during the use of azithromycin were retrieved from the electronic medical record. Adverse effects of azithromycin have been evaluated clinically. Individuals with bronchiectasis were excluded. Results: Mean age was 67 ± 9 years, 60% were women and FEV1 was 0.93 ± 0.39 liters, 38 ± 16% of predicted; 81% had severe or very severe COPD. Azithromycin significantly reduced total exacerbations compared to the control group (from 3.8 ± 2.1 to 1.8 ± 1.9 versus from 2.0 ± 0.9 to 1.5 ± 1.8; p<0 ,0001). There was a reduction in moderate and severe exacerbations and in emergency room visits in the azithromycin group compared to the control group (p<0.01). No adverse effects were observed with the use of azithromycin. Conclusions: The use of intermittent azithromycin for one year reduced moderate and severe COPD exacerbations, as well as the number of emergency room visits. No adverse events were identified with the use of azithromycin in this “real world study.