Avaliação do risco entre erosão dentária e doença do refluxo gastresofágico : fatores que podem contribuir para o desgaste erosivo

Abstract

O objetivo desse estudo é avaliar o risco que os pacientes que possuem esofagite diagnosticada por endoscopia apresentam de expressar erosão dentária, bem como elencar variáveis que podem apresentar um aumento do risco para o seu desenvolvimento e verificar a relação entre queixas clínicas gastroenterológicas e erosão dentária. Um total de 192 crianças foram incluídas no estudo, com idades entre 5 e 13 anos. A maioria das crianças apresentou erosão dentária (58,9%), dentre as quais o grau mais prevalente foi o de perda com menos de 50% da área (47,8%). Em relação à Esofagite, 19,8% das crianças apresentaram a doença, sendo o grau A o mais frequente (72,2%). O sintoma gastrointestinal mais frequente foi a queimação/dor abdominal com 66,1%, seguido por vômito/náusea, com 30,2%. Esofagite e consumo de bebidas ácidas se mostraram significativamente associadas com erosão dentária (p < 0,001 e p = 0,0224, respectivamente). A prevalência de erosão dentária é 74% maior nas crianças que tem esofagite em comparação as que não têm (RP 1,74; IC95% 1,44; 2,11). Também, é possível notar que o mesmo cenário ocorre com bebidas ácidas, ou seja, a prevalência de erosão dentária é maior em quem consome bebidas ácidas comparado com quem não consome (RP 1,86; IC95% 1,00; 3,44). Os sintomas que levaram os pacientes a procurar ajuda médica não se mostraram relevantes para o desfecho.

The aims of this study were to evaluate the risk of dental erosion in patients with endoscopically diagnosed esophagitis, to identify variables that may increase the risk of dental erosion, and to verify the relationship between clinical gastroenterological complaints and dental erosion. A total of 192 children aged between 5 and 13 years were included in the study. Most of the children presented dental erosion (58.9%), and the most prevalent degree of erosion (47.8%) was the loss of less than 50% of the area, corresponding to BEWE 2. Regarding esophagitis, 19.8% of the children had the disease, with grade A being the most frequent (72.2%). The most frequent gastrointestinal symptom was abdominal burning/pain at 66.1%, followed by vomiting/nausea at 30.2%. Esophagitis and acidic beverage consumption were significantly associated with dental erosion (p < 0.001 and p = 0.0224, respectively). The prevalence of dental erosion was 74% higher in children with esophagitis compared to those without (PR = 1.74; 95% CI = 1.44; 2.11). The same pattern occurred with acidic beverages, i.e., the prevalence of dental erosion was higher in those who consumed acidic beverages compared to those who did not (PR = 1.86; 95% CI = 1.00; 3.44). The symptoms that led patients to seek medical help were not associated with the outcome of the analysis.