“Mulher de verdade é a que nasce pronta” : uma análise de manifestações transfóbicas encontradas em comentários de usuários em páginas de notícias no Facebook

Abstract

O presente trabalho buscou compreender qual o argumento utilizado por aqueles que não aceitam a identidade/expressão de gênero das pessoas trans. O atual cenário da modernidade tornou viável a utilização das redes sociais com apenas um click, porém, com tal facilidade, notou-se o aumento da utilização das redes sociais para discriminar os grupos minoritários. A transfobia é a discriminação em relação às pessoas trans, indivíduos que não se identificam com o gênero atribuído na gestação, e ao não aceitarem a imposição do gênero masculino ou feminino, desenvolve- se um sentimento de estranhamento e aversão da sociedade com essas pessoas trans. Utiliza-se as redes sociais para pronunciar e compartilhar essa aversão. As manifestações transfóbicas foram coletadas de comentários, feitos por usuários do Facebook, encontrados em perfis oficiais de notícias da rede social. Ao examinar os comentários, o argumento predominante foi a crença no determinismo biológico, argumento fundamentado na concepção de aos órgãos reprodutores do indivíduo definem seu gênero. Os órgãos reprodutores determinam o papel social para o binarismo de gênero (homem ou mulher), e aqueles que discordam desse pensamento e decidem “mudar “e ou ultrapassar as barreiras do binarismo de gênero são vistos como “anormais”. Essa concepção de anormalidade em relação à transgeneridade constitui a transfobia, causando diversas discriminações e violências àqueles que a vivenciam.

The present work sought to understand the argument used by those who do not accept the gender identity/expression of trans individuals. The current scenario of modernity has made the use of social networks feasible with just one click, however, with such ease, there has been an increase in the use of social networks to discriminate against minority groups. Transphobia is discrimination against trans people, individuals who do not identify with the gender assigned during pregnancy, and by not accepting the imposition of male or female gender, a feeling of estrangement and aversion from society towards these trans individuals develops. . Social networks are used to pronounce and share this aversion. The transphobic manifestations were collected from comments, made by Facebook users, found in official news profiles of the social network. When examining the comments, the predominant argument was the belief in biological determinism, an argument based on the conception that the individual's reproductive organs define their gender. The reproductive organs determine the social role for gender binary (male or female), and those who disagree with this thinking and decide to “change” and or overcome the barriers of gender binary are seen as “abnormal”. This conception of abnormality in relation to transgenderism constitutes transphobia, causing various types of discrimination and violence to those who experience it.