O serviço social em uma unidade de internação materno-infantil : articulações para a garantia dos direitos sociais

Abstract

O presente trabalho expõe o processo de formação, investigação e intervenção que culminou no estágio curricular obrigatório em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com o Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV) no período de fevereiro de 2022 a abril de 2023. Descreve os processos de trabalho em que participam as Assistentes Sociais, bem como as articulações necessárias com os serviços das diferentes políticas públicas na perspectiva da garantia de direitos dos recém-nascidos e das puérperas atendidas na Unidade de Internação Alojamento Conjunto (AC) do HMIPV e apresenta a caracterização de perfil sociodemográfico e socioeconômico das puérperas que acessam esse serviço de saúde. Configura um estudo descritivo tendo como objetivos: Descrever os processos de trabalho em que participam as Assistentes Sociais da Unidade de Internação Alojamento Conjunto; Explicitar as estratégias desenvolvidas pelas mesmas na garantia de direitos das puérperas e seus recém-nascidos; Demonstrar a finalidade do Serviço Social e sua relação com as demais profissões do hospital e evidenciar com base nos dados sociodemográficos e socioeconômicos as características de perfil das puérperas atendidas no AC. A caracterização de perfil se efetivou a partir das entrevistas semiestruturadas realizadas com as puérperas enquanto estavam internadas no AC. O estudo sobre os processos de trabalho dessas profissionais revelou os desafios que elas encontram no cotidiano de seu trabalho que se referem à complexidade, diversidade e dinamicidade com que as respostas devem ser dadas às puérperas nesse espaço de alta complexidade como o do hospital e no curto período de tempo em que a puérpera permanece internada, no máximo três dias. Resultados: a análise dos dados da pesquisa apontou o predomínio das puérperas com baixa escolaridade considerando até ensino fundamental (54,11 %), renda familiar inferior a dois salários mínimos (51,95 %) e sem atividade no mercado formal de trabalho (56,71%). Muitas (43%) acessam programas de transferência de renda (Bolsa Família). A maioria (75,75%) tem companheiro/marido/união estável e uma minoria (22,09%) é solteira. A prevalência (79,65%) é de residentes do município de Porto Alegre nos bairros Restinga (19%), Partenon (13%) e São José (8%). Embora residam em casa própria (50,2%), com infraestrutura adequada (93%), convivem com uma média de quatro ou mais pessoas no mesmo espaço (64,9%). Tais resultados demonstram que as puérperas atendidas no AC são de famílias em situação de vulnerabilidade social e, apesar da precariedade de suas condições de vida, 94,80 % não são acompanhadas por nenhum serviço da rede socioassistencial. Sobre o vínculo no CRAS do território (60,8%) não estão vinculadas e (34,8%) são vinculadas, mas não são acompanhadas pelo serviço e apenas (4,4%) referem ser acompanhadas, evidenciando a fragilidade da rede bem como o pouco alcance das políticas públicas. O conhecimento do perfil das puérperas favorece a qualificação dos processos interventivos, contribui na visibilização do trabalho das Assistentes Sociais demonstrando a relevância e o potencial de contribuição da profissão na perspectiva de garantia dos direitos das puérperas e de seus recém-nascidos.