Mulheres nanãs : um estudo sobre os saberes constituídos de negras idosas nas comunidades de Porto Alegre

Abstract

Esta dissertação foi desenvolvida a partir de um estudo sobre os saberes constituídos de mulheres negras idosas das comunidades de Porto Alegre. O objetivo da dissertação é compreender como tais saberes constituídos a partir das vivências de mulheres negras idosas impactam nas comunidades em que possuem uma função social, a partir da perspectiva de gênero e raça. Participaram deste estudo quatro mulheres de diferentes bairros da cidade, de 60 a 86 anos de idade que exerciam liderança no seu território: no carnaval, como escritora na liderança de clubes e como Yalorixa. Este estudo ancora-senos conceitos de Vilma Piedade (2017), Interseccionalidade de Kimberlé Crenshaw (2002), Teoria sobre Memória e Sociedade (1994) e o conceito de Território Usado de Milton Santos (1999) como base para fundamentar a discussão. Foram utilizadas técnicas de Observação Participante e entrevistassemiestruturadas, a partir das quais foram produzidos dados para a elaboração do material para análise do conteúdo (Bardin 1977). Conclui-se ue essas mulheres têm uma forte ligação com seus ancestres, que seus saberes e ofícios foram aprendidos com eles, de forma oral e que cada uma delas transmite esses conhecimentos de forma singular. Elas possuem uma forte ligação com seus territórios e têm na estética e nas práticas do auto-amor um instrumento contra a opressão.

This dissertation was developed from a study on the constituted knowledge of elderly women in Porto Alegre communities. This research aimed to understand how this knowledge derived from these womens experiences influenced the communities in which they work. In this sense, a study was carried out with four women from different neighborhoods of the city, aged 60 to 86 years old, who exercised leadership in their territory. The theoretical-methodological basis used was based on the concepts of Vilma Piedade (2017), Intersectionality by Kimberlé Crenshaw (2002), Theory on Memory and Society (1994) and the concept of Used Territory by Milton Santos (1999). For this, Participant Observation techniques and semi-structured interviews were used, from which data were produced for the preparation of material for content analysis (Bardin 1977). So far, it has been concluded that these women have a strong connection with their ancestors, that their knowledge and crafts were learned from them, orally, and that each one of them transmits this knowledge in a unique way, as well as having a strong connection with their territories and uses the aesthetics and practices of self-love as an instrument against oppression.