Influência da estrutura de propriedade familiar na relação dos ciclos econômicos com o financial distress das companhias listadas na Brasil, Bolsa, Balcão

Abstract

O presente estudo analisou a influência da estrutura de propriedade familiar na relação dos ciclos econômicos com o financial distress das companhias listadas na Brasil, Bolsa, Balcão (B3) nos anos de 2010 a 2022. Dessa forma, efetuou-se uma pesquisa quantitativa, descritiva e documental, com dados oriundos dos bancos de dados da Refinitiv® e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos seus Formulários de Referências das 322 companhias objeto de análise, aplicando regressão em painel, logística e quantílica para examinar o impacto da estrutura de propriedade familiar no financial distress durante diferentes fases dos ciclos econômicos. O estudo demonstrou que as empresas não familiares têm menos propensão de insolvência em momentos de alta, enquanto empresas familiares apresentam menor probabilidade de insolvência durante períodos de recessão. As empresas maiores são menos vulneráveis à insolvência, mas empresas familiares têm menor propensão de enfrentar essa situação. Porém, as empresas familiares apresentam mais propensão ao financial distress em relação aos retornos dos ativos. Durante a pandemia da Covid-19, as empresas não enfrentaram insolvência, mas as empresas familiares foram mais afetadas. A pesquisa mostra que a presença de membros da família em empresas familiares pode afetar a propensão ao financial distress em diferentes fases do ciclo econômico, bem como quando comparadas ao tamanho, rentabilidade dos ativos e períodos afetados pela pandemia da Covid-19. O estudo constatou a presença em maioria de companhias familiares no cenário brasileiro (61,10%). Os resultados indicam que a estrutura de propriedade afeta a relação dos ciclos econômicos com o financial distress. Assim, a pesquisa contribui para o debate a respeito sobre o tema, ressaltando que a estrutura de propriedade pode afetar a forma com que as companhias são propensas ao financial distress nas diferentes etapas dos ciclos econômicos, bem como a gestão influencia. Ao que se refere a Teoria da Firma, a investigação da estrutura de propriedade familiar é capaz fornecer informações valiosas aos gestores e investidores para compreender o comportamento dessas companhias, bem como sobre como a empresa pode se adaptar e prosperar nas diferentes fases dos ciclos econômicos. O estudo contribui com o debate sobre o tema ao analisar o comportamento das companhias em relação à sua estrutura de propriedade, familiar ou não, e como isso afeta o desempenho na propensão ao financial distress das empresas em diferentes períodos econômicos.

The present study analyzed the influence of the family ownership structure in the relationship between economic cycles and financial distress of companies listed on Brasil, Bolsa, Balcão (B3) in the years 2010 to 2022. Thus, a quantitative, descriptive and documentary research was carried out, with data from the databases of Refinitiv® and the Comissão de Valores Mobiliários (CVM) in their Reference Forms of the 322 companies under analysis, applying panel regression , logistic and quantile to examine the impact of family ownership structure on financial distress during different phases of economic cycles. The study showed that nonfamily businesses are less likely to go bankrupt during booms, while family businesses are less likely to go bankrupt during downturns. Larger companies are less vulnerable to insolvency, but family businesses are less likely to face this situation. However, family businesses are more prone to financial distress in relation to asset returns. During the Covid19 pandemic, companies did not face insolvency, but family businesses were more affected. Research shows that the presence of family members in family businesses can affect the propensity for financial distress at different stages of the economic cycle, as well as when compared to size, asset profitability and periods affected by the Covid-19 pandemic. The study found the presence of most family companies in the Brazilian scenario (61.10%). The results indicate that ownership structure affects the relationship between economic cycles and financial distress. Thus, the research contributes to the debate on the subject, emphasizing that the ownership structure can affect the way in which companies are prone to financial distress in the different stages of economic cycles, as well as the influence of management. Regarding the Theory of the Firm, the investigation of the structure of family ownership is able to provide valuable information to managers and investors to understand the behavior of these companies, as well as how the company can adapt and prosper in the different phases of economic cycles. The study contributes to the debate on the subject by analyzing the behavior of companies in relation to their ownership structure, family or not, and how this affects the performance of companies' propensity to financial distress in different economic periods.