Modificação do viés de atenção como tratamento complementar à cessação do tabagismo : efeito do número de sessões

Abstract

A Modificação do Viés de Atenção (MVA) para evitar estímulos relacionados ao cigarro pode ser uma técnica complementar aos programas de cessação do tabagismo (PCT) de abordagem Cognitivo-Comportamental. Este estudo investigou o impacto de diferentes sessões de MVA em participantes de um PCT. Fumantes (n = 67) participantes ou não (n = 22) do PCT executaram uma tarefa para avaliar o viés de atenção para imagens relacionadas ao cigarro em três diferentes tempos de exposição (TE = 50, 500 e 2000 milisegundos). Após, os fumantes em tratamento foram alocados em um de três grupos de treino para MVA: três sessões de treino para evitar o cigarro (Avoid 3); duas sessões placebo e uma sessão de treino (Avoid 1); ou três sessões placebo (Avoid 0). Todos os fumantes, querendo ou não parar de fumar, apresentaram viés de atenção para imagens relacionadas ao cigarro na linha de base em todos os TEs. No pós teste, os três grupos experimentais reduziram o viés de atenção para o cigarro, que se tornou negativo, indicando esquiva. Ainda, quanto maior o TE, mais forte foi o padrão de esquiva. No pós teste e na avaliação após 30 dias, o Avoid 3, mas não o Avoid 1, mostrou esquiva mais forte do que o Avoid 0 em todos os TEs, sendo que essa diferença não se manteve nas avaliações de seis meses e um ano. Embora fumantes em tratamento consigam desenvolver um padrão de esquiva consciente para estímulos relacionados ao cigarro, três sessões de treino produziram um padrão mais eficiente e duradouro de esquiva do que o treino placebo, o que significa que o número de sessões de MVA parece ser importante na manutenção dos efeitos desejados.

Attentional Bias Modification (ABM) to avoid smoking-related cues may be a valuable addition to existing cognitive-behavioral programs (CBP) to stop smoking. This study investigated the impact of different number sessions of ABM in smokers in treatment to quit. Smokers (n = 67) seeking treatment to quit (Avoid groups) and others who did not intend to quit (n = 22) performed a standard visual probe task, in which pairs of smoking-related and control images had random stimulus onset asynchronies (SOAs = 50, 500 and 2000 ms). After that, Avoid groups engaged in a CBP to stop smoking. They were randomly allocated to one of three ABM training: three sessions of ABM (Avoid 3); two sessions of sham-ABM and one session of ABM (Avoid 1); or three sessions of sham-ABM (Avoid 0). Smokers, wishing or not to quit, had similar attentional bias at baseline in all SOAs, but in post-test ABM groups showed a decrease in attentional bias, which was more negative. Also, the longer the SOA, the stronger the avoidance to smoking-related cues in post-test. At post-test and one- month follow-up, Avoid 3, but not Avoid 1, presented a stronger negative AB than Avoid 0 in all SOAs. This difference was not seen in the following six- or twelve-month assessments. Smokers in treatment develop a conscious avoidance to smoking-related cues, but three- session produced a more efficient avoidance and maintained this pattern longer than the control group, meaning that number of trials of ABM may be important for lasting effects.