Análise do potencial evocado auditivo cognitivo P300 em crianças com transtorno do espectro autista

Abstract

Introdução: Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, cujas desordens sensoriais fazem parte do quadro sintomatológico. Estas alterações no processamento perceptivo podem levar a déficits nas funções cognitivas. Potenciais relacionados a eventos refletem ativação de estruturas corticais relacionadas a processos cognitivos em resposta a estímulo sonoro. Objetivo: Analisar latência, amplitude e morfologia do P300 em crianças com TEA, comparando com grupo controle. Métodos: Estudo transversal comparativo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Participaram do estudo 54 crianças entre 8 e 11 anos e 11 meses com TEA duplamente pareados por idade e sexo. Pacientes avaliados apresentavam limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, confirmados pela avaliação audiológica periférica. Avaliação do potencial cortical foi realizada utilizando estímulos de 1000 e 2000Hz, na forma de Oddball Paradigm. Resultados: Grupo com crianças com TEA obteve média da latência do P300 na orelha direita 399,85(±63,97) e orelha esquerda 400,27(±63,84); média da amplitude na orelha direita 18,04(±3,17) e esquerda 17,58(±3,23); morfologia da onda alterada em 88,8% das crianças. No grupo controle, média da latência da orelha direita foi 318,95(±45,72) e orelha esquerda 321,63(±42,47); média da amplitude na orelha direita 22,86 (±3,52) e orelha esquerda 23,38 (±3,80). Houve diferença significante (p<0,001) na comparação de latência e amplitude entre grupos. Conclusão: Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas no aumento das latências, diminuição das amplitudes, alteração da morfologia das ondas, indicando alterações centrais nas habilidades de discriminação, atenção e memória.