Rotas de formação em fisioterapia na UFRGS : movimentos de estudantes flâneur entre as frestas curriculares da graduação

Abstract

A presente tese de doutorado tem por objetivo compreender como estudantes do Curso de Fisioterapia que não se identificam com Curso, mas que ainda apostam nesta formação, constroem suas próprias rotas de aprendizagem na formação inicial. O conceito de currículo adotado é como sendo uma prática cultural e de significação, estando aberto a modificações, relações de saber-poder e múltiplos modos de constituição de sujeito. Associado a tal conceito, foi utilizada a noção de flâneur, de Walter Benjamin, como aquele sujeito/estudante que vagueia pelas frestas curriculares em busca de rotas de formação alternativas (Educação Menor) diferentes das previstas no Projeto Político Pedagógico do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Educação Maior). A opção teóricametodológica foi pela pesquisa qualitativa com ênfase na cartografia. A pesquisa foi realizada no período de 2019 a 2022 e contou com dados secundários oriundos de Análise Documental do Projeto Pedagógico do Curso de Fisioterapia da UFRGS e dos relatórios de 2019 a 2020 do Núcleo de Avaliação da Unidade (NAU/ESEFID/UFRGS) e das produções textuais e orais referentes às disciplinas do Curso de Fisioterapia. A materialidade empírica da pesquisa foi composta a partir de 44 questionários produzidos pelo NAU/ESEFID/UFRGS respondidos por estudantes, 9 participantes do grupo focal de estudantes a partir do 6° semestre do curso e 8 estudantes ingressantes do curso matriculados em disciplina que antecede a estágio curricular. Por meio dos movimentos desses estudantes flâneur, foi possível mapear as seguintes rotas: (1) visão sobre Fisioterapia antes do ingresso no curso relacionadas a noções veiculadas na mídia sobre a profissão, a prática de cuidados e a reabilitação; (2) engajamento e posicionamento político diante da Proposta de Emenda à Constituição n° 55 de 2016 (PEC 55) e da pandemia da Covid-19; (3) projeções relacionadas ao futuro da profissão centradas na concepção de fisioterapeutas generalistas, capazes de irem além das competências e habilidades profissionais listadas. Em conclusão, os movimentos destes estudantes produziram rotas alternativas às prescritas no Projeto Político Pedagógico do curso de Fisioterapia da UFRGS, bem como produções de imaginário acerca do profissional de Fisioterapia para além daquelas que circulam na mídia. Tais movimentos levaram esses estudantes flâneur a ressignificarem o toque terapêutico como elemento identificador da atuação profissional na área, a valorizarem a participação em movimentos estudantis relacionados à formação de profissionais da saúde e a colocarem em perspectiva a engrenagem do regime capitalístico financeirizado neoliberal quanto aos modos de se relacionarem com o mercado de trabalho.

This doctoral thesis aims to understand how students of the Physical Therapy Course who in spite of not identifying with the Course, but who still invest in this training, build their own learning routes in the initial formation. The concept of curriculum adopted is that of a cultural and meaningful practice, being open to modifications, knowledge-power relations and multiple modes of subject constitution. Associated with this concept, the notion of flâneur, by Walter Benjamin, was used, as that subject/student who wanders through the curricular gaps in search of alternative training routes (Minor Education) different from those provided for in the Political Pedagogical Project of the Physiotherapy course at the University Federal do Rio Grande do Sul (Higher Education). The theoretical-methodological option was for qualitative research with an emphasis on cartography. The research was carried out from 2019 to 2022 and relied on secondary data from the Document Analysis of the Pedagogical Project of the Physical Therapy Course at UFRGS and the reports from 2019 to 2020 by the Unit Assessment Center (NAU/ESEFID/UFRGS) and the textual and oral productions referring to the disciplines of the Physical Therapy Course.The empirical materiality of the research was composed from 44 questionnaires produced by the NAU/ESEFID/UFRGS answered by students, 9 participants of the focus group of students from the 6th semester of the course and 8 students entering the course enrolled in a discipline that precedes the curricular internship. Through the movements of these flâneur students, it was possible to map out the following routes: (1) the lookout on Physiotherapy before entering the course related to notions conveyed in the media about the profession, the practice of care and rehabilitation; (2) political engagement and positioning as to the Proposed Amendment to the Constitution No. 55 of 2016 (PEC 55) and the Covid-19 pandemic; (3) projections related to the future of the profession centered on the conception of generalist physiotherapists, capable of going beyond the listed professional skills and abilities. In conclusion, these students' movements produced alternative routes to those prescribed in the Policies of the Pedagogical Project of the Physiotherapy course at UFRGS, as well as imaginary productions about the Physiotherapy professional beyond those that circulate in the media. Such movements led these flâneur students to re-signify the therapeutic touch as an identifying element of professional performance in the area, to value participation in student movements related to the training of health professionals and to put into perspective the gears that run the financed neoliberal capitalistic regime as to how it relates to the labor market.

El principal objetivo de la presente tesis doctoral es comprender cómo los estudiantes de Fisioterapia que no se identifican con la carrera, pero que aún así apuestan por esta formación, construyen sus trayectorias de aprendizaje en la formación inicial. El concepto de currículo se entiende como una práctica cultural y de significado que está abierta a modificaciones, relaciones de saber-poder y múltiples modos de constitución del sujeto. Asociada a esta comprensión, se utilizó la noción de flâneur, de Walter Benjamin, que se entiende aquí como aquel sujeto/alumno que deambula por los vacíos curriculares de la carrera en busca de rutas de formación alternativa (Educación menor) diferentes de aquellas etapas previstas en el Proyecto Político Pedagógico de la carrera de Fisioterapia de la Universidad Federal del Rio Grande del Sur (Educación Mayor). La opción teóricometodológica es la investigación cualitativa con énfasis en la cartografía. La investigación se realizó entre los años 2019 a 2022 y contó con datos secundarios originados del análisis de documentos del Proyecto Pedagógico de la Carrera de Fisioterapia de la UFRGS y de los informes de 2019 a 2020 del Centro de Evaluación de la Unidad (NAU/ESEFID/UFRGS) y de la producciones textuales y orales referentes a las disciplinas de la carrera de Fisioterapia. La materialidad empírica de la investigación estuvo compuesta por 44 cuestionarios producidos por la NAU/ESEFID/UFRGS respondidos por estudiantes, 9 participantes del grupo focal de estudiantes del 6º semestre de la carrera y 8 estudiantes de primer año de la carrera matriculados en el curso preparatorio para la pasantía curricular. A través del movimiento de esos estudiantes flâneur a través los vacíos curriculares del curso, fue posible mapear caminos alternativos que visibilizan modos de formarse como Fisioterapeuta más allá de las trayectorias previstas por el curso en la UFRGS. A partir del movimiento de esos estudiantes flâneur, fue posible construir las siguientes rutas: (1) la visión sobre la fisioterapia antes de ingresar a la carrera relacionadas con las nociones transmitidas en los medios de comunicación sobre la profesión, la práctica del cuidado y rehabilitación; (2) compromiso y posicionamiento político frente a la Propuesta de Reforma Constitucional N° 22, de 2022 (PEC 22) y la pandemia de Covid-19; (3) proyecciones relativas al futuro de la profesión centradas en la concepción de fisioterapeutas generalistas, capaces de ir más allá de las competencias y habilidades profesionales enumeradas. En conclusión, los movimientos de los estudiantes produjeron rutas alternativas a las prescritas en el proyecto Político Pedagógico del curso de Fisioterapia de la UFRGS, así como un imaginario sobre el profesional de Fisioterapia más allá del que circula en los medios de comunicación. Tales movimientos llevan a que estos estudiantes flâneur resignifiquen lo que es el toque terapéutico como elemento identificador de la actuación profesional en el área, valoricen la participación en movimientos estudiantiles relacionados con la formación de profesionales de la salud y, a colocar en perspectiva los engranajes del régimen capitalista neoliberal financiarizado en lo referente a los modos de relacionarse con el mercado de trabajo.