Realismo capitalista, regime de historicidade e sofrimento mental : o discurso neoliberal sobre saúde mental no relatório da OMS (2022)

Abstract

A presente pesquisa busca compreender a relação entre crise de temporalidade, realismo capitalista e sofrimento mental. De forma a buscar elaborar uma relação de complemento entre a hipótese presentista de François Hartog com a noção de Realismo Capitalista apresentada por Mark Fisher. Para isso se analisa a formação hegemônica do neoliberalismo no contexto brasileiro e seus impactos na formação de um certo tipo de discurso e racionalidade que operam em um tipo específico de relação entre o passado, presente e futuro; bem como em um certo tipo de compreensão sobre o que é o sofrimento mental causado por estes. Para materializar tal ideia é analisado o Relatório Mundial sobre Saúde Mental da Organização Mundial da Saúde, buscando compreender os rastros deixados pelo realismo capitalista e o tipo de compreensão neoliberal de saúde mental individualizada e autogerenciada.

This research seeks to understand the relationship between temporality crisis, capitalist realism and mental suffering. In order to seek to elaborate a complementary relationship between the presentist hypothesis of François Hartog with the notion of Capitalist Realism presented by Mark Fisher. For this, the hegemonic formation of neoliberalism in the Brazilian context is analyzed and its impacts on the formation of a certain type of discourse and rationality that operate in a specific type of relationship between the past, present and future; as well as a certain type of understanding about what is the mental suffering caused by these. To materialize this idea, the World Health Organization's World Report on Mental Health is analyzed, seeking to understand the traces left by capitalist realism and the type of neoliberal understanding of individualized and self-managed mental health.