Estar na tangente : gênero e sexualidade no ensino de biologia a partir de práticas de cuidado na ótica de docentes

Abstract

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a aptidão e a disponibilidade de docentes da área de biologia para tratar de temas relativos a gênero e sexualidade em sala de aula, bem como compreender quais seriam suas possíveis redes e fontes de formação e informação para tanto. Para isso, o método de entrevistas semi estruturadas foi utilizado para colher os depoimentos de quatro docentes de biologia que passaram pelo curso de Ciências Biológicas da UFRGS. Considera-se que o eixo gênero e sexualidade é relevante pois está diretamente associado ao sexo, ao corpo, à orientação sexual e à dicotomia natureza-cultura. O principal resultado é o fato de os e as docentes se sentirem em uma "tangente", palavra ouvida em campo empírico. Ou seja, em conflito com a perspectiva de sexo e gênero materializados pela biologia, a qual se vêm na situação de ensinar no currículo da Educação Básica; ao mesmo tempo em que bsucam alternativas para uma abordagem mais ampla e aberta ao domínio social. Dadas estas tentativas, utilizo a teoria do cuidado para pensar como essas pessoas refletem sobre a relação docente-discente, através de práticas de cuidado como elementares na organização social. Sendo as práticas de cuidado sinônimo de autorreflexão e responsabilização no ensino envolvendo sexo e gênero na biologia. Por fim, as referências sobre gênero e sexualidade desses e dessas docentes são movidas pela curiosidade subjetiva e teórica. Além da construção de uma sólida rede de amizades e contatos confiáveis como imprescindíveis em suas práticas de cuidado.

The objective of this work is to reflect on the aptitude and availability of biology teachers to deal with themes related to gender and sexuality in the classroom, as well as to understand what their possible networks and sources of training and information would be for this purpose. For this, the method of semi-structured interviews was used to collect the testimonies of four biology teachers who attended the Biological Sciences course at UFRGS. It is considered that the gender and sexuality axis is relevant because it is directly associated with sex, the body, sexual orientation and the nature-culture dichotomy. The main result is the fact that the teachers feel they are on a "tangent", a word heard in the empirical field. That is, in conflict with the perspective of sex and gender materialized by biology, which is seen in the situation of teaching in the Basic Education curriculum; while seeking alternatives to a broader and more open approach to the social domain. Given these attempts, I use the care theory to think about how these people reflect on the teacher-student relationship, through care practices as elementary in social organization. As care practices are synonymous with self-reflection and responsibility in teaching involving sex and gender in biology. Finally, the references on gender and sexuality of these teachers are driven by subjective and theoretical curiosity, in addition to the construction of a solid network of friendships and reliable contacts as essential in their care practices.