O mito do pacifismo sul-americano e a agenda mulheres, paz e segurança
Visualizar/abrir
Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Apesar da inexistência de guerras interestatais, a América Sul tem enfrentado uma série de tensões securitárias, desde disputas entre os Estados com ameaça de uso da força às crises democráticas, além de impasses ideológicos e geopolíticos, fluxo de refugiados e narcotráfico. Esse cenário conflita com a tradicional dicotomia entre paz e guerra que moldou as RI e os discursos das organizações regionais, corroborando para a ideia de que as definições clássicas precisaram ser revistas com o fim da ...
Apesar da inexistência de guerras interestatais, a América Sul tem enfrentado uma série de tensões securitárias, desde disputas entre os Estados com ameaça de uso da força às crises democráticas, além de impasses ideológicos e geopolíticos, fluxo de refugiados e narcotráfico. Esse cenário conflita com a tradicional dicotomia entre paz e guerra que moldou as RI e os discursos das organizações regionais, corroborando para a ideia de que as definições clássicas precisaram ser revistas com o fim da Guerra Fria e a emergência de diversas formas de conflitos, uma vez que não são somente os conflitos armados tradicionais que inspiram insegurança. Para a UNASUL, CELAC e OEA, a América do Sul é uma ‘zona de paz’. Assim, compreender que há articulação entre zonas de guerra e paz, doméstica e internacionalmente, garante que haja ciência da produção e reprodução de violência em contextos considerados de não-guerra. No entanto, a ideia de guerras pacíficas vai além, incorporando desde fatores históricos como o colonialismo, até a dimensão da articulação do crime organizado regional, rejeitando, por fim, a retórica de uma América do Sul pacífica perpetrada pelas organizações supracitadas. É por meio da metodologia de discourse-theoretical analysis (DTA) que analiso os discursos proferidos por elas nas Nações Unidas, corroborando suas posições expostas na Declaração da América do Sul como uma Zona de Paz adotada pela UNASUL em 2012, na Segunda Cúpula da CELAC de 2014 e no discurso da OEA no Conselho de Segurança da ONU em 2013. A mesma metodologia foi utilizada para analisar os discursos dos países sul americanos nos Open Debates da Mulheres, Paz e Segurança que ocorrem anualmente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Assim, a pergunta norteadora dessa tese é como é possível a América do Sul ser chamada de zona de paz apesar de todas as inseguranças diárias enfrentadas pela população, em especial pelas mulheres? Com base nessa questão articulei a pergunta de pesquisa que orienta essa tese: como o discurso da América do Sul enquanto uma zona de paz influencia a implementação da agenda Mulheres, Paz e Segurança na região? Trata se, portanto, de um estudo explicativo com viés de motivação, uma vez que eu pretendo identificar como determinadas ações (os discursos) conduzem a tal finalidade (implementação da MPS). ...
Abstract
Despite the inexistence of interstate wars, South America has faced a series of security tensions, from disputes between states with the threat of the use of force to democratic crises, in addition to ideological and geopolitical impasses, flow of refugees and drug trafficking. This scenario conflicts with the traditional dichotomy between peace and war that shaped the IR and the discourses of regional organizations, corroborating the idea that the classic definitions had to be revised with the ...
Despite the inexistence of interstate wars, South America has faced a series of security tensions, from disputes between states with the threat of the use of force to democratic crises, in addition to ideological and geopolitical impasses, flow of refugees and drug trafficking. This scenario conflicts with the traditional dichotomy between peace and war that shaped the IR and the discourses of regional organizations, corroborating the idea that the classic definitions had to be revised with the end of the Cold War and the emergence of different forms of conflict, a since it is not only traditional armed conflicts that inspire insecurity. For UNASUR, CELAC and OAS, South America is a “zone of peace”. Thus, understanding that there is articulation between war and peace zones, domestically and internationally, ensures that there is science of the production and reproduction of violence in contexts considered to be non-war. However, the idea of peaceful wars goes further, incorporating historical factors such as colonialism, to the dimension of the articulation of regional organized crime, finally rejecting the rhetoric of a peaceful South America perpetrated by the aforementioned organizations. It is through the methodology of discourse-theoretical analysis (DTA) that I analyze the speeches given by them at the United Nations, corroborating their positions exposed in the Declaration of South America as a Zone of Peace adopted by UNASUR in 2012, at the Second Summit of CELAC of 2014 and in the OAS speech at the UN Security Council in 2013. The same methodology was used to analyze the speeches of South American countries in the Open Debates on Women, Peace and Security that take place annually at the United Nations Security Council. The guiding question of this thesis is how is it possible for South America to be called a zone of peace despite all the daily insecurities faced by the population, especially women? Based on this question, I articulated the research question that guides this thesis: how does the discourse/perception of South America as a zone of peace influence the implementation of the Women, Peace and Security agenda in the region? It is, therefore, an explanatory study with a motivational bias, since I intend to identify how certain actions (the discourses) lead to this purpose (implementation of the WPS). ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Ciência Política.
Coleções
-
Ciências Humanas (7540)Ciência Política (532)
Este item está licenciado na Creative Commons License