Tornar-se pai : a experiência subjetiva da paternidade no sexto mês e ao final do segundo ano de vida do bebê

Abstract

Este estudo teve como objetivo investigar a experiência subjetiva da paternidade em dois momentos do desenvolvimento do bebê, no sexto mês e ao final do segundo ano de vida da criança. Participaram do estudo três pais primíparos (30, 36 e 45 anos), com ensino superior completo. Foi utilizado um delineamento de estudo de caso coletivo, de caráter longitudinal, sendo que os pais responderam a entrevistas estruturadas realizadas de forma semidirigida no sexto mês e ao final do segundo ano de vida de seus filhos. As entrevistas realizadas nesses momentos foram analisadas por meio da análise dos conteúdos manifestos e subjacentes com base na teoria psicanalítica, a partir de quatro categorias derivadas da literatura: O pai e a experiência subjetiva da paternidade, O bebê e a experiência subjetiva da paternidade, A esposa e a experiência subjetiva da paternidade e As figuras parentais e a experiência subjetiva da paternidade. Os resultados indicaram que a paternidade levou a um complexo trabalho psíquico que reorganizou os posicionamentos subjetivos dos pais, enquanto homens, na relação com o filho, com a companheira e com as figuras parentais. Tornar-se pai esteve associado à inscrição subjetiva da finitude da existência e à castração, exigindo renúncias e lutos dos pais, processo que permitiu o bebê ser tomado como objeto de desejo paterno. Além disso, a experiência subjetiva da paternidade envolveu uma reconstituição psíquica, na medida em que resgatou elementos da história constitutiva de cada participante em relação com o novo contexto da paternidade.

This study aimed to investigate the subjective experience of fatherhood in two moments of the development of the baby, in the sixth month and the end of the second year of the child's life. Took part in this study three primiparous fathers (30, 36 and 45 years old), with higher education. A longitudinal multiple case study design was used. Data were collected at the sixth month and the end of the second year of their child's life. Each father answered a structured interview and their responses were grouped, after an analysis of manifest and underlying content based on psychoanalytic theory, into four categories derived from literature: Himself as father and the subjective experience of fatherhood, His child and the subjective experience of fatherhood, His wife and the subjective experience of fatherhood and His parental figures and the subjective experience of fatherhood. The results indicated that fatherhood has led to a complex psychological work that reorganized the subjective positions of fathers, as men, in relation with the child, with his wife and his parental figures. Becoming a father was associated with the subjective inscription of the finitude of existence and castration, demanding resignations and grief of fathers, a process that allowed the baby to be taken as the object of paternal desire. Moreover, the subjective experience of fatherhood involved a psychic reconstitution that rescued the constitutive elements from history of each participant in relation to the new context of fatherhood.