O meio do mundo e seus arredores : entre espaço e memória, testemunhos

Abstract

A presente pesquisa busca articular questões processuais, estéticas e conceituais associadas à minha prática artística recente, que se estabelece no contato com a região dos Campos de Cima da Serra – mais precisamente o vilarejo de Tainhas, o Parque Nacional de Aparados da Serra e a Floresta Nacional de São Francisco de Paula. A elaboração desse conjunto de trabalhos, em sua maioria fotográficos, parte do reconhecimento e da problematização de distintos testemunhos temporais que observo manifesto na espacialidade de tais lugares. Enquanto as obras reunidas na série O Meio do Mundo abordam questões reminiscentes ligadas a meu contexto familiar, em Escala e 16.09.2021 identifico na paisagem serrana cronologias que extrapolam a lógica do tempo humano, apontando para temporalidades ligada aos processos geológicos e aos ciclos da natureza. Reconhecendo o cruzamento entre espaço e tempo como cerne de minha produção poética, revisito a concepção, produção e exposição dessas obras, ponderando sobre os possíveis modos em que tais cruzamentos acabam implicados. Para tanto, me cerco do pensamento de autores de distintas áreas do saber: da história e filosofia da arte, passando pela geografia, a geologia, a botânica e a literatura.

The present research seeks to articulate procedural, aesthetical and conceptual issues associated with my recent artistic practice, which is established in the contact with the Campos de Cima da Serra region – more precisely the village of Tainhas, the Aparados da Serra National Park and the National Forest of São Francisco de Paula. The elaboration of this set of works, mostly photographic, starts from the recognition and problematization of different temporal testimonies that I observe manifest in the spatiality of such places. While the works gathered in the series O Meio do Mundo [The Middle of the World] address reminiscent issues connected to my family history, in Escala [Scale] and 16.09.2021 I identify in the landscape chronologies that extrapolate the logic of human time, pointing to temporalities linked to geological processes and the cycles of nature. Recognizing the intersection between space and time as the core of my artistic oeuvre, I revisit the conception, production and exhibition of these works, pondering the possible ways in which such intersections end up entailed. To do so, I surround myself with the mindset of authors from different areas of knowledge: from the history and philosophy of art, through geography, geology, botany and literature.