Sintomas premonitórios de crises epilépticas e percepção de auto-controle em pacientes com epilepsia farmacorresistente

Abstract

Introdução: Os pródromos epilépticos tem sido negligenciados por muitos anos devido a sua natureza subjetiva e ao seu pobre valor localizatório. Todavia, esses podem ser usados para previsão de crises epilépticas, o que pode impactar significativamente na qualidade de vida de pessoas com epilepsia. Objetivo: Este estudo objetivou, primariamente, investigar se a presença, ou a quantidade, de pródromos epilépticos se relacionou ao Locus de Controle da Saúde, ansiedade e depressão, em pessoas com epilepsia farmacorresistente. Métodos: pacientes com epilepsia farmacorresistente investigados na Unidade de Monitorização de Epilepsia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre foram recrutados. O Questionário de Pródromos, a Escala Multidimensional de Locus de Controle da Saúde (MHLC), e a Escala hospitalar de ansiedade e depressão (HADS) foram aplicados. As informações clínicas e sociodemográficas foram confirmadas em prontuários médicos digitais. Resultados: Um total de 59 pacientes, 16 homens e 43 mulheres, com média etária de 43 anos e tempo médio de diagnóstico de quase 20 anos (19,72), foram incluídos no estudo. Uma correlação negativa fraca foi evidenciada entre escores do Locus de Controle da Saúde Outros Poderosos (PHLC) e número de pródromos epilépticos (p = 0,05), enquanto que não houve correlação significativa entre escores HAD e número de pródromos. Uma correlação positiva altamente significativa foi encontrada entre escores do Locus de Controle da Saúde Interno e níveis de depressão (r = 0,47; p < 0,001). Adicionalmente, um modelo de regressão logística multivariada revelou que as chances ajustadas de ser reativo foram 5,4 vezes maiores (p = 0,006) nos pacientes do grupo ‘alto pródromo’ (três ou mais pródromos reportados). Conclusão: Em indivíduos com epilepsia farmacorresistente, um maior número de pródromos epilépticos parece estar associado com uma redução na dimensão externa de seu Locus de Controle da Saúde. Além disso, as chances de essas pessoas serem reativas são mais de 5 vezes superiores naqueles que reportam três ou mais pródromos.

Background: Epileptic prodromes have been neglected for many years due to their subjectivity and poor localization value. However, they could be used for seizure prediction, which may significantly impact the quality of life of people with epilepsy. Objective: The study aimed primarily to investigate if the presence, or the number of epileptic prodromes, was related to Health Locus of Control (HLC), anxiety, and depression in people with drug resistant epilepsy (DRE). Methods: patients with DRE investigated at Hospital de Clínicas de Porto Alegre Epilepsy Monitoring Unit were recruited. Prodromal Symptoms Questionnaire, Multidimensional Health Locus of Control (MHLC) scale, and Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) were performed. Clinical and sociodemographic information was confirmed by digital medical records. Results: A total of 59 patients, 16 men, and 43 women, with a mean age of 43 years and a mean time since diagnosis of almost 20 years (19.72), were included in the study. A weak negative correlation was found between HLC scores and number of epileptic prodromes (p = 0.05), whereas there was no significant correlation between HADS scores and number of prodromes. A highly significant positive correlation was found between internal HLC scores and depression levels (r = 0.47; p < 0.001). Moreover, a multivariate logistic regression model revealed that the adjusted odds of being reactive were 5.4 greater (p = 0.006) for the patients in the ‘high prodrome’ group (three or more prodromes reported). Conclusions: In individuals with drug-resistant epilepsy, a higher number of reported prodromes seems to be associated with a decrease in the external dimension of their health locus of control. Also, subjects’ odds of being reactive are over five times greater in those who reported three or more prodromes.