Fatores de virulência de Enterococcus faecalis associados ao câncer colorretal : revisão de literatura

Abstract

O câncer está entre as maiores causas de mortalidade global, sendo o câncer de colorretal (CCR) um dos mais prevalentes em número de casos e mortes. Estudos ao longo das últimas décadas estão demonstrando que a microbiota intestinal desregulada ou disbiose associada a presença de fatores virulência podem estar relacionadas com o surgimento do CCR. A microbiota intestinal desempenha diversas funções no hospedeiro humano, podendo influenciar diretamente na saúde, afetando o metabolismo, o sistema imune e a produção de hormônios. Dentre os microrganismos que compõe a microbiota intestinal, destaca-se o Enterococcus faecalis. Esta bactéria gram-positiva é comensal do trato gastrointestinal, contudo, podem agir como um patógeno oportunista, através da expressão dos fatores de virulência. Os fatores de virulência são estruturas ou produtos empregados para evadir o sistema de defesa do hospedeiro e causar uma infecção. O objetivo dessa revisão bibliográfica foi descrever o papel dos fatores de virulência de E. faecalis associados do CCR. A partir de uma busca de artigos publicados nos bancos de dados Science Direct e PubMed nos últimos 20 anos (2002–2022), empregando as palavras-chaves Enterococcus e faecalis e câncer de colorretal, um total de 313 artigos foram encontrados. Aplicando critérios de exclusão, leitura de resumos e da integra dos artigos, 39 foram incluídos para o desenvolvimento dessa revisão bibliográfica. Dentre os fatores de virulência de E. faecalis, as espécies reativas de oxigênio (58,9%) foram as mais prevalentes no CCR, seguidas da instabilidade genômica (46,1%), 4-hidroxi-2-nonenal (15,4%), gelatinase (12,8%), ácido lipoteicóico (10,2%), substância de agregação (10,2%), receptores tipo-like (7,7%), ativador de plasminogênio da uroquinase (2,56%) e sistema de fosfotransferase (2,56%). Como conclusão, foi possível verificar que os fatores de virulência, principalmente as espécies reativas de oxigênio, de E. faecalis podem ter uma associação com o desenvolvimento do CCR, entretanto mais estudos devem ser realizados para definir o papel da disbiose por E. faecalis no CCR.

Cancer is among the leading causes of global mortality, with colorectal cancer (CRC) being one of the most prevalent in terms of number of cases and deaths. Studies over the last few decades have shown that dysregulated intestinal microbiota or dysbiosis associated with the presence of virulence factors may be related to the emergence of CRC. The intestinal microbiota performs several functions in the human host, and can directly influence health, affecting metabolism, the immune system and the production of hormones. Among the microorganisms that make up the intestinal microbiota, Enterococcus faecalis stands out. This gram-positive bacterium is a commensal of the gastrointestinal tract, however, it can act as an opportunistic pathogen, through the expression of virulence factors. Virulence factors are structures or products used to evade the host's defense system and cause an infection. The aim of this literature review was to describe the role of E. faecalis virulence factors associated with CRC. From a search of articles published in the Science Direct and PubMed databases in the last 20 years (2002–2022), using the keywords Enterococcus and faecalis and colorectal cancer, a total of 313 articles were found. Applying exclusion criteria, reading abstracts and the full text of the articles, 39 were included for the development of this literature review. About the virulence factors of E. faecalis, reactive oxygen species (58,9%) were the most prevalent in CRC, followed by genomic instability (46,1%), 4-hydroxy-2-nonenal (15,4%), gelatinase (12,8%), lipoteichoic acid (10,2%), aggregating substance (10,2%), toll-like receptors (7,7%), urokinase plasminogen activator (2,56%) and phosphotransferase system (2,56%). In conclusion, it was possible to verify, among the virulence factors, mainly the reactive oxygen species of E.faecalis may have an association with the development of CRC, however more studies should be carried out to define the role of E.faecalis dysbiosis in CRC.