Autoconsciência disposicional e situacional : relações entre níveis de evidência estáveis e transitórios

Abstract

A teoria hegemônica de mensuração da autoconsciência prevê a medição de níveis estáveis ou disposicionais e transitórios ou situacionais de autoconsciência. O objetivo da presente pesquisa foi investigar como padrões de autodescrição experiencial de autoconsciência situacional se relacionam com escores em escalas de autorrelato de autoconsciência disposicional. 64 participantes responderam a um questionário sociodemográfico e de hábitos de saúde mental e três escalas de autoconsciência, além de um protocolo de amostragem de experiência ao longo de sete dias. O protocolo consistiu na solicitação diária de até quatro descrições de experiência, em horários aleatórios, enviadas no formato de gravações de áudio por meio de smartphones de uso pessoal. Os relatos foram transcritos na íntegra e submetidos a uma análise temática reflexiva, fornecendo base conceitual para um modelo inovador de contabilização de marcadores descritivos da experiência, possibilitando a transformação de dados qualitativos em dados quantitativos. Análises de correlação parcial e de comparação de médias entre grupos permitiram observar possíveis aproximações teórico-metodológicas entre níveis estáveis e transitórios, especialmente por meio da subescala Awareness da Escala Filadélfia de Mindfulness e pela especulação de quatro perfis empíricos de autoconsciência. A discussão exploratória dos dados também levantou hipóteses teóricas e recomendações metodológicas para pesquisas futuras.

The hegemonic theory for measuring self-consciousness foresees the measurement of its stable or dispositional traits, as well as transient or situational levels of self-awareness. The aim of the present research was to investigate how patterns of experiential self-description of situational self-awareness relate to scores on self-report scales of dispositional self consciousness. 64 participants answered a sociodemographic and mental health habits questionnaire and three self-consciousness scales, as well as an experience sampling protocol over seven days. The protocol consisted in the daily request of up to four descriptions of experience, at random times, sent in the format of audio recordings through smartphones of personal use. Reports were transcribed in full and underwent a reflexive thematic analysis, providing a conceptual basis for an innovative model of accounting for descriptive markers of experience, enabling the transformation of qualitative data into quantitative data. Analysis of partial correlation and mean differences between groups lead to the observation of possible theoretical-methodological approximations between stable and transient levels of evidence, specially through the Awareness subscale of the Philadelphia Mindfulness Scale and through the speculation of four empirical profiles of self-consciousness. The exploratory discussion of the data also raised theoretical hypotheses and methodological recommendations for future research.