"Brasil não pode parar" : estratégias necrofarmacológicas na pandemia de COVID-19
Fecha
2023Nivel académico
Maestría
Tipo
Resumo
No presente trabalho problematizei as estratégias de governo da vida e da morte no contexto brasileiro durante a pandemia de Covid-19. Tal problematização é feita tecida a partir da articulação conceitual entre biopolítica e necropolítica como forma de abordar as relações de poder contemporâneas. Tomando aquilo que veio a ser conhecido pelo nome de “tratamento precoce” como superfície de inscrição e análise, acompanhei tanto a sua composição enquanto uma prática social, quanto a sua atuação no ...
No presente trabalho problematizei as estratégias de governo da vida e da morte no contexto brasileiro durante a pandemia de Covid-19. Tal problematização é feita tecida a partir da articulação conceitual entre biopolítica e necropolítica como forma de abordar as relações de poder contemporâneas. Tomando aquilo que veio a ser conhecido pelo nome de “tratamento precoce” como superfície de inscrição e análise, acompanhei tanto a sua composição enquanto uma prática social, quanto a sua atuação no campo das estratégias bionecropolíticas de gerenciamento da vida e distribuição de morte no presente em que vivemos. Para tanto, delimitei as bases metodológicas para um mapeamento dos elementos que compõem a rede sociotécnica do tratamento precoce. O mapeamento se deu tendo como entrada duas materialidades documentais principais, a saber o relatório da CPI da Pandemia e a linha do tempo do CEPEDISA, que permitiram rastrear outras associações necessárias à performação do tratamento precoce. Nesse processo, constatei que o tratamento precoce se operacionalizou em grande medida pela captura política da incerteza, mas também trabalhou para se estabilizar como enquadramento alternativo às medidas não farmacológicas de prevenção da Covid-19. Junto a este mapeamento sociotécnico, empreendi uma reflexão sobre os efeitos do tratamento precoce no âmbito de uma ontologia do presente em que vivemos. Nesta reflexão, problematizo o tratamento precoce enquanto uma estratégia de governamento que chamo de necrofarmacológica. Além disso, reflito sobre as estratégias necrofarmacológicas como o tratamento precoce no âmbito da racionalidade neoliberal com a qual se tenta governar o presente em que vivemos. ...
Abstract
In the present work, I problematized the strategies of governing life and death in the Brazilian context during the Covid-19 pandemic. Such questioning is woven from the conceptual articulation between biopolitics and necropolitics as a way of approaching contemporary power relations. Taking what came to be known as “early treatment” as a surface for inscription and analysis, I followed both its composition as a social practice and its performance in the field of bionecropolitical strategies fo ...
In the present work, I problematized the strategies of governing life and death in the Brazilian context during the Covid-19 pandemic. Such questioning is woven from the conceptual articulation between biopolitics and necropolitics as a way of approaching contemporary power relations. Taking what came to be known as “early treatment” as a surface for inscription and analysis, I followed both its composition as a social practice and its performance in the field of bionecropolitical strategies for managing life and distributing death in the present. in which we live. Therefore, I delimited the methodological bases for a mapping of the elements that make up the sociotechnical network of early treatment. The mapping took place using two main documentary materials as input, namely the CPI report on the Pandemic and the CEPEDISA timeline, which allowed tracking other associations necessary for the performance of early treatment. In this process, I found that early treatment was operationalized largely by capturing the political uncertainty, but it also worked to stabilize itself as an alternative framework for non-pharmacological measures to prevent Covid-19. Along with this sociotechnical mapping, I undertook a reflection on the effects of early treatment in the context of an ontology of the present in which we live. In this reflection, I problematize early treatment as a governance strategy that I call necropharmacological. In addition, I reflect on necropharmacological strategies such as early treatment within the scope of neoliberal rationality with which one tries to govern the present in which we live. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional.
Colecciones
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Ciencias Humanas (7540)
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