Resultado das infusões de linfócitos do doador para neoplasias malignas em serviço de transplante de células tronco hematopoéticas do Sul do Brasil

Abstract

A infusão de linfócitos do doador (DLI) é uma proposta de tratamento e prevenção de recaída de doenças hematológicas malignas no contexto pós-transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH). Entretanto, esta é uma medida não isenta de risco, sobretudo de doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH), e devemos estar atentos às suas indicações e complicações. O presente estudo tem por objetivo avaliar o resultado das DLIs realizadas em um centro de transplante do sul do Brasil. A query inicial foi de 230 pacientes e, após aplicados os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 11 pacientes que realizaram DLI pós-TCTH por neoplasia hematológica maligna. A mediana de idade foi de 27 anos (amplitude interquartil [AIQ] 31), 6 (54,5%) deles eram do gênero feminino e, 5 (45,5%), do masculino. A maioria dos pacientes apresentava diagnóstico inicial de leucemia mieloide aguda (5; 45,5%) e realizaram o TCTH com doença em segunda remissão completa (4; 36,3%). Sete (63,6%) pacientes realizaram transplante alogênico aparentado e 7 (63,6%) tiveram a medula óssea como fonte das células-tronco hematopoéticas. O regime de condicionamento mais utilizado foi o de intensidade reduzida (6; 54,5%) e a grande maioria dos pacientes (7; 63,3%) realizaram a DLI de forma terapêutica. Seis (54,5%) pacientes vieram a óbito durante o tempo do estudo. A sobrevida mediana livre de recaída foi de 3,9 meses (AIQ 117,3) e a global de 4,3 meses (AIQ 25,8). Todos os pacientes que realizaram DLI terapêutica tiveram doença do enxerto contra o hospedeiro como complicação (p = 0,001).