A conjuração da leitura: formação leitora no brasil setecentista
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Data
2022Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
A tese de doutoramento que aqui se apresenta procura demonstrar de que forma e em quais parâmetros se deu a formação leitora no Brasil na segunda metade do século XVIII. Para tan-to, partimos da consideração de que os leitores do período também formavam parte da elite social, artística e política do Brasil Colônia, o que, para aquele momento, significava reconhe-cê-los, majoritariamente, como poetas vinculados à capitania de Minas Gerais. Como o estudo da História da Leitura não se desvincula d ...
A tese de doutoramento que aqui se apresenta procura demonstrar de que forma e em quais parâmetros se deu a formação leitora no Brasil na segunda metade do século XVIII. Para tan-to, partimos da consideração de que os leitores do período também formavam parte da elite social, artística e política do Brasil Colônia, o que, para aquele momento, significava reconhe-cê-los, majoritariamente, como poetas vinculados à capitania de Minas Gerais. Como o estudo da História da Leitura não se desvincula da História da Literatura, baseamo-nos nos pressu-postos e na primeira parte da Formação da Literatura Brasileira, de Antonio Candido, para diagnosticar a sistematização da literatura com o intuito de evidenciar a participação do públi-co leitor nesse processo. Alcançar tal objetivo só se faz possível a partir do momento em que aliamos o estabelecimento do cânone árcade da Literatura Brasileira ao levantamento do hori-zonte de leitura da época, possível a partir da expansão dos preceitos estabelecidos pela Esté-tica da Recepção, de Hans Robert Jauss. Em nosso caso, a compreensão dessa expansão de horizonte se dá quando levamos em conta todos os aspectos vinculados à leitura, como o le-tramento, o acesso ao conhecimento e, principalmente, a socialização de livros e ideias. As-sim, procuramos analisar os pilares da educação jesuítica até a expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e suas colônias, em 1759, e as conseguintes reformas de ensino levadas a cabo por Sebastião José de Carvalho e Melo, que viria a ser conhecido, na história, como o Marquês de Pombal. Essas reformas, empreendidas entre 1759 e 1772, revelam preocupações, problemas e deficiências do ensino colonial e metropolitano, situações que procuramos discutir. Também dedicamos parte deste estudo à análise de materiais de cunho didático editados e publicados no período das reformas pombalinas, relacionados à disciplina de Retórica, em que se inseria a literatura, e desse estudo notamos o alinhamento de seus escritores às ideias con-temporâneas ao seu tempo, mas também a subserviência com que reverenciavam Pombal. Como última etapa do processo vinculado ao acesso à escolarização, dedicamos um capítulo à Universidade de Coimbra, do qual destacamos a reforma realizada nos estatutos daquela insti-tuição, entre 1771 e 1772. Também abordamos, nesta etapa, a presença de estudantes univer-sitários nascidos no Brasil ao longo de todo o século XVIII, estudo que nos permitiu identifi-car uma ampla rede de contatos da qual emerge o protagonista de nosso último capítulo: Cláudio Manuel da Costa. Analisando vida e obra do poeta, destacamos o poema épico Vila Rica, de 1773, em termos de sua composição, circulação e integração à vida de homem públi-co que teve seu autor, sempre apegado à pátria mineira. A forma como todos esses desdobra-mentos vinculados à leitura se deram na colônia brasileira do Setecentos permite-nos identifi-car, na figura do poeta mineiro e na sua composição poética, os indícios claros de um leitor de seu tempo, que ao mesmo tempo exercia a vida pública, praticava a criticidade na composição poética e também socializava ideias e literatura entre seus pares – socialização que resultaria na Conjuração Mineira, denunciada em 1789, ano em que morre Cláudio Manuel da Costa. Temos, assim, exemplificado o horizonte de leitura da metade final do século XVIII no Brasil, etapa de nossa História que nos revela homens letrados, cientes das discussões políticas e iluministas que aconteciam no mundo e que, para além da poesia que escreviam, organiza-vam-se em torno da literatura e da sede de emancipação política e administrativa em relação à Coroa portuguesa. ...
Abstract
The doctoral thesis presented here seeks to demonstrate in which ways and with which pa-rameters happened the reading formation in Brazil, during the latter half of the 18th Century. Therefore, we started the research from the consideration that the readers of this period were also part of the social, artistic and political elite of Colonial Brazil, which, in that moment, meant recognizing them as mostly poets connected to the Captaincy of Minas Gerais. Given that the study of the History of Re ...
The doctoral thesis presented here seeks to demonstrate in which ways and with which pa-rameters happened the reading formation in Brazil, during the latter half of the 18th Century. Therefore, we started the research from the consideration that the readers of this period were also part of the social, artistic and political elite of Colonial Brazil, which, in that moment, meant recognizing them as mostly poets connected to the Captaincy of Minas Gerais. Given that the study of the History of Reading is not disconnected from the History of Literature, we took the assumptions and the first part of Formação da Literatura Brasileira, by Antonio Candido, as basis to diagnose the systematization of literature with the intention to highlight the participation of the reading public in that process. Achieving such an objective is only made possible at the moment in which we ally the establishment of the Arcadian Canon of Brazilian Literature to the gathering of information on the horizon of reading of the period, possible through the expansion of the principles established by the Aesthetic of Reception, by Hans Robert Jauss. In our case, the comprehension of said expansion of horizons happens when we consider all the aspects related to reading, such as literacy, access to knowledge and, mainly, socialization of books and ideas. Therefore, we analyzed the pillars of the Jesuit Edu-cation until the expulsion of the Companhia de Jesus from Portugal and its colonies in 1759, and the subsequent teaching reforms made by Sebastião José de Carvalho e Melo, who would become known as Marquês do Pombal (Marquis of Pombal). These reforms, made between 1759 and 1772, reveal concerns, problems and deficiencies of colonial and metropolitan schooling, which we aimed to address. We have, as well, dedicated part of the present study to analyze didactic material edited and published during the period of the reforms, related to the discipline of Rhetoric, in which Literature was included, and from that study we noted the alignment of their writers to the ideas of the time, but also the subservience with which they revered the Marquis of Pombal. As the last stage of the process related to the access to school-ing, we dedicate a chapter to the University of Coimbra, underscoring the reform carried out in the statutes of the institution between 1771 and 1772. At this stage, we also address the presence of Brazilian-born university students during the 18th Century, which allowed us to identify a wide web of contacts from which emerges the protagonist of our last chapter: Cláu-dio Manuel da Costa. Analyzing the life and work of the poet, we emphasize the epic poem Vila Rica, 1773, in what pertains to its composition, circulation and integration with the pub-lic figure life of its author, always attached to his homeland. The way in which these matters related to reading have unfolded in the 18th Century Brazilian colony allows us to identify, in the figure of the poet from Minas Gerais and his poetic composition, clear indications of a reader of his period, who at the same time had a public life, practiced criticality in poetic composition and also socialized ideas and literature between his peers – this socialization would later result in the Conjuração Mineira, denounced in 1789, year of the death of Cláudio Manuel da Costa. This way, we have exemplified the horizon of reading of the latter half of the 18th century in Brazil, section of our History that reveals literate men, aware of the politi-cal and Illuminist discussions happening around the world and who, beyond the writing of poetry, organized themselves around Literature and the hunger for political and administrative emancipation from the Portuguese Crown. ...
Resumen
La tesis de doctoramiento que aquí se presenta procura demostrar de qué forma y bajo cuáles parámetros se dio la formación lectora en Brasil en la segunda mitad del siglo XVIII. Para ello, partimos de la consideración de que los lectores del periodo también formaban parte de la élite social, artística y política del Brasil Colonial, lo que, para aquel entonces, significaba reconocerlos, en su mayoría, como poetas vinculados a la capitanía de Minas Gerais. Como el estudio de la Historia de la Le ...
La tesis de doctoramiento que aquí se presenta procura demostrar de qué forma y bajo cuáles parámetros se dio la formación lectora en Brasil en la segunda mitad del siglo XVIII. Para ello, partimos de la consideración de que los lectores del periodo también formaban parte de la élite social, artística y política del Brasil Colonial, lo que, para aquel entonces, significaba reconocerlos, en su mayoría, como poetas vinculados a la capitanía de Minas Gerais. Como el estudio de la Historia de la Lectura no se desvincula de la Historia de la Literatura, nos basa-mos en los presupuestos y en la primera parte de la Formação da Literatura Brasileira, de Antonio Candido, para diagnosticar la sistematización de la literatura con la intención de evi-denciar la participación del público lector en el proceso. Llegar a este objetivo sólo se hace posible a partir del momento en el que juntamos el establecimiento del canon arcádico de la Literatura Brasileña al levantamiento del horizonte de lectura de la época, posible a partir de la expansión de los preceptos establecidos por la Estética de la Recepción, de Hans Robert Jauss. En nuestro caso, la comprensión de esa expansión de horizonte se da cuando llevamos en cuenta todos los aspectos vinculados a la lectura, como la alfabetización, el acceso al cono-cimiento y, principalmente, la socialización de libros e ideas. Así, procuramos analizar los pilares de la educación jesuítica hasta la expulsión de la Compañía de Jesús de Portugal y sus colonias, en 1759, y las siguientes reformas educativas promovidas por Sebastião José de Carvalho e Melo, quien sería conocido, en la historia, como el Marqués de Pombal. Esas re-formas, emprendidas entre 1759 y 1772, revelan preocupaciones, problemas y deficiencias de la educación colonial y metropolitana, situaciones que procuramos discutir. También dedica-mos parte de este estudio al análisis de materiales didácticos editados y publicados en el pe-riodo de las reformas pombalinas, relacionados con la asignatura de Retórica, en la que se insertaba la literatura, y de este estudio notamos al alineamiento de sus escritores a las ideas contemporáneas de su tiempo, pero también la subordinación con la que reverenciaban a Pombal. Como última etapa del proceso vinculado al acceso a la escolarización, dedicamos un capítulo a la Universidad de Coimbra, del que destacamos la reforma realizada en los estatu-tos de aquella institución, entre 1771 y 1772. También abordamos, en esta etapa, la presencia de estudiantes universitarios nacidos en Brasil a lo largo de todo el siglo XVIII, estudio que nos permitió identificar una amplia red de contactos de la que emerge el protagonista de nues-tro último capítulo: Cláudio Manuel da Costa. Analizando vida y obra del poeta, destacamos el poema épico Vila Rica, de 1773, en términos de su composición, circulación e integración a la vida de hombre público que tuvo su autor, siempre apegado a su patria minera. La manera como todos esos desdoblamientos vinculados a la lectura se dieron en la colonia brasileña del Setecientos nos permite identificar, en la figura del poeta minero y su composición poética, los indicios claros de un lector de su tiempo, que al mismo tiempo ejercía la vida pública, practicaba la criticidad en su composición poética y también socializaba ideas e literatura en-tre sus compañeros – socialización que resultaría en la Conjuración Minera, delatada en 1789, año en que muere Cláudio Manuel da Costa. Tenemos ejemplificado, así, el horizonte de lec-tura de la mitad final del siglo XVIII en Brasil, etapa de nuestra Historia que nos revela hom-bres letrados, conscientes de las discusiones políticas e ilustradas que sucedían en el mundo y que, más allá de la poesía que escribían, se organizaban alrededor de la literatura y la sed emancipación política y administrativa con relación a la Corona portuguesa. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
Coleções
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Linguística, Letras e Artes (2874)Letras (1770)
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