Para uma leitura complexa de corpo, saúde e movimento

Abstract

Esta dissertação investiga a articulação entre corpo, saúde e movimento, destacando as fragilidades da abordagem simplificadora do modelo biomédico em detrimento a complexidade dessa articulação no nível individual, coletivo e de saúde pública. Por meio de uma revisão bibliográfica crítica, mostra como o termo atividade física, apesar de estar ligado a uma visão bio reducionista do movimento humano, recolhe uma série de significados e sentidos ligados às dimensões sociais, culturais e políticas da saúde que são ignorados e desvalorizados por essa abordagem. Além disso, o texto explora as possíveis contribuições do paradigma da complexidade para a superação de tais fragilidades e a compreensão da articulação corpo, saúde movimento além do determinismo biológico e do modelos causalidade linear. Unindo a análise do marco teórico-conceitual com elementos provenientes da experiência de pesquisador, esta leitura complexa da atividade física e seus aportes para saúde significa, explora as possibilidades de determinar essa última não partindo exclusivamente de pressupostos quantitativos e parâmetros fisiológicos mas ampliando a concepção de causalidade para além do modelo linear. Adotando o referencial teórico da Saúde Coletiva e uma visão de saúde que não vise a reduzir e simplificar, mas que consiga dialogar com a complexidade dos sistemas vivos autoorganizados, pretende-se pensar práticas de cuidado que envolvam a atividade física miradas a uma outra promoção da saúde que supere a lógica da imposição de estilos de vida, a responsabilização e culpabilização individual e a naturalização do processo de adoecimento.

This work investigates the articulation between body, health and movement, highlighting the weaknesses of the simplifying approach of the biomedical model to the detriment of the complexity of this articulation at the individual, collective and public health level. Through a critical review, it shows how the term physical activity, despite being linked to a reductionist bio vision of human movement, collects a series of meanings related to the social, cultural and political dimensions of health that are ignored and devalued by this approach. In addition the text explores the possible contributions of the paradigm of complexity to overcoming such frailties and understanding of body articulation, health movement beyond biological determinism and linear causality models. Combining the analysis of the theoretical-conceptual framework with elements derived from the researcher's experience, this complex reading of physical activity and its contributions to health means, it explores the possibilities of determining the latter, not departing exclusively from quantitative assumptions and physiological parameters, but broadening the conception of causality beyond the linear model. Adopting the theoretical reference of Collective Health and a health vision that does not aim to reduce and simplify, but that is able to dialogue with the complexity of the self-organized living systems, this dissertation intends to think about care practices that involve physical activity aimed at another promotion of health that surpasses the logic of imposing lifestyles, individual responsibility and blame and the naturalization of the disease process.