Conhecimentos e práticas dos estudantes de odontologia da universidade federal do rio grande do sul sobre apneia obstrutiva do sono e odontologia do sono

Abstract

A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é uma patologia de alta prevalência global. No Brasil, é uma condição subdiagnosticada e pouco tratada, o que está associado a desfechos já conhecidos, como fragmentação do sono, alterações do humor, hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes. O cirurgião-dentista apresenta um papel essencial tanto no rastreamento quanto no tratamento da AOS. Entretanto, sabe-se que os cursos de graduação não destinam carga horária suficiente ao estudo da Odontologia do Sono, perpetuando o cenário de subdiagnóstico atual. Nesse contexto, esse estudo objetivou avaliar o conhecimento dos estudantes de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre Odontologia do Sono e AOS, destinado aos estudantes de graduação de todos os semestres, considerando que os cirurgiõesdentistas têm posição estratégica no rastreamento dessa condição. A pesquisa foi conduzida como um estudo de intervenção educacional, tendo um único grupo de participantes, ao qual foi aplicado um teste para avaliação e, como conteúdo opcional, a realização de um minicurso e a aplicação de um pós-teste. Os participantes foram recrutados por meio de redes sociais, email e presencialmente. Os dados foram analisados a partir de tabelas simples, cruzadas, porcentagens pelo Teste Exato de Fischer e Teste não-paramétrico de Wilcoxon. O questionário foi respondido por 207 estudantes de todos os semestres. O conhecimento médio dos respondentes foi baixo a moderado sobre fatores de risco, sinais, sintomas, associações com doenças sistêmicas e tratamentos, sendo maiores o escores associados aos semestres clínicos. O fator de risco mais identificado foi a obesidade, o sinal mais identificado foi o ronco, a diabetes mellitus tipo II foi a doença sistêmica menos associada a AOS e os fatores associados ao estilo de vida foram os mais identificados como formas de tratamento. Quanto as práticas, cerca de 73% nunca identificou ou orientou pacientes com AOS. Cerca de 7% da amostra realizou o programa completo do curso, sendo estatisticamente significante a melhora no escore desses participantes, em média, um aumento de 32% nos escores. Diante do conhecimento baixo a moderado e melhora significativa com um programa de intervenção educacional parece ser apropriada a inclusão da Odontologia do Sono na formação Odontológica.

Obstructive Sleep Apnea (OSA) is a disease with high global prevalence. In Brazil, it is an underdiagnosed and undertreated condition, which is associated with known outcomes, such as sleep fragmentation, mood changes, hypertension, cardiovascular disease, and diabetes. Dentists play an essential role in both screening and treatment of OSA. However, it is known that dentistry courses do not allocate enough hours for the study of Sleep Dentistry, perpetuating the current underdiagnosis scenario. Within this context, this study aimed at evaluating the knowledge of dental undergraduate students of UFRGS in sleep dentistry and OSA. The study targeted undergraduate students of all semesters, considering that dentists have a strategic position in tracking this condition. The research was conducted as an educational intervention study, with a single group of participants, to which a pre-test was applied and, as an optional content, a short course could be done, and a post-test would be applied in the group that completed the course. The participants were recruited through social media, email and in person. The data was analyzed by means of simple, cross-tables, percentages according to Fischer's Exact Test and Wilcoxon's non-parametric test. The questionnaire was answered by 207 students from all semesters. The average knowledge of respondents was low to moderate about risk factors, signs, symptoms, associations with systemic diseases and treatments, with higher scores associated with clinical semesters. The most identified risk factor was obesity, the most identified sign was snoring, type II diabetes mellitus was the systemic disease least associated with OSA and the factors associated with lifestyle were the most identified as forms of treatment. About 73% never identified or educated patients with OSA. Only 7% of the sample completed the course program, and the improvement in the scores of these participants was statistically significant. In face of the low to moderate knowledge and significant improvement with an educational intervention program, the inclusion of Sleep Dentistry in the dental curriculum seems to be advised.