A ameaça da mulher escritora: a censura aos livros feministas de Rose Marie Muraro durante a ditadura civil-militar Brasileira (1964-1985)

Abstract

O presente trabalho de conclusão de curso abordou a censura a livros feministas da escritora Rose Marie Muraro durante o período da Ditadura civil-militar brasileira, ocorrida entre 1964 e 1985. O objetivo da pesquisa foi analisar as justificativas utilizadas pelos censores para a proibição da circulação dos livros da escritora. A metodologia utilizada foi de natureza básica com abordagem qualitativa e do tipo exploratória, utilizando o levantamento bibliográfico e também a análise documental dos atos de censura. A análise documental foi feita no site do Arquivo Nacional, os pareceres de censura foram pesquisados dentro do fundo de divisão de censura de diversões públicas, utilizando o período entre 1964 e 1985. A relação do tema com a biblioteconomia se dá através do acesso à informação negada no regime militar. Foi possível identificar nos resultados obtidos que um livro não poderia sequer mencionar sobre o sistema comunista, porque era considerado imoral ou estava fazendo propaganda comunista. Acredita-se que os censores não analisavam o contexto dos livros antes de vetarem de fato. Todo o escritor que tinha a coragem de abrir o pensamento da população sobre determinado assunto através de um livro foi considerado subversivo. Para o estado era melhor que o povo continuasse alienado, principalmente, as mulheres. Porque quando a mulher descobre que o papel dela não é de submissa, ela se transforma e luta para acabar com esses preconceitos. Haviam vários mecanismos que promoveram a censura aos livros de Rose Muraro. Nesse caso, os censores não queriam apenas vetar o livro de circulação dentro da Lei de Censura Prévia de 1970, como também queriam enquadrar dentro de uma lei mais severa como a Lei de Segurança Nacional de 1969, podendo com isso, prender a escritora. Dessa forma, percebe-se que tem muito a se debater sobre a censura no Brasil, apesar de estarmos vivendo em uma democracia o acesso à informação continua sendo atacado por meio de censura a livros ditos imorais e inapropriados, especialmente em escolas. Assim cabe aos bibliotecários e leitores estarem a par desse assunto e saberem agir quando necessário.

This course conclusion work addressed the censorship of feminist books by the writer Rose Marie Muraro during the period of the Brazilian civil-military dictatorship, which took place between 1964 and 1985. The objective of the research was to analyze the justifications used by the censors for the prohibition of circulation of the writer's books. The methodology used was of a basic nature with a qualitative and exploratory approach, using the bibliographic survey and also the documentary analysis of the acts of censorship. The document analysis was carried out on the website of the National Archives, the censorship opinions were researched within the public entertainment censorship division fund, using the period between 1964 and 1985. The relationship between the theme and librarianship takes place through access to information denied in the military regime. It was possible to identify in the results obtained that a book could not even mention about the communist system, because it was considered immoral or was doing communist propaganda. It is believed that the censors did not analyze the context of the books before actually vetoing them. Any writer who had the courage to open the population's thinking on a given subject through a book was considered subversive. For the state it was better for the people to remain alienated, especially women. Because when a woman discovers that her role is not submissive, she transforms and fights to end these prejudices. There were several mechanisms that promoted the censorship of Rose Muraro's books. In this case, the censors not only wanted to veto the circulation book within the Prior Censorship Act of 1970, but also wanted to frame it within a more severe law such as the National Security Act of 1969, and with that, they could arrest the writer. In this way, it is clear that there is much to debate about censorship in Brazil, although we are living in a democracy, access to information continues to be attacked through censorship of so-called immoral and inappropriate books, especially in schools. Thus, it is up to librarians and readers to be aware of this issue and to know how to act when necessary.