Percepção de ritmos afetivos, cognitivos e somáticos em adolescentes e sua relação com saúde mental
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2022Author
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Doctorate
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Abstract in Portuguese (Brasil)
Introdução: Os ritmos biológicos estão presentes e são importantes em quase todos os processos fisiológicos do corpo humano que vão desde expressão genética até funções cognitivas e motoras mais complexas. Pesquisas demonstram que disfunções no sistema circadiano podem levar à ocorrência de diversas doenças clínicas e psiquiátricas incluindo transtornos de humor como a depressão. A pesquisa em ritmos biológicos tem aumentado e é promissora na investigação da etiologia, melhora do prognóstico e ...
Introdução: Os ritmos biológicos estão presentes e são importantes em quase todos os processos fisiológicos do corpo humano que vão desde expressão genética até funções cognitivas e motoras mais complexas. Pesquisas demonstram que disfunções no sistema circadiano podem levar à ocorrência de diversas doenças clínicas e psiquiátricas incluindo transtornos de humor como a depressão. A pesquisa em ritmos biológicos tem aumentado e é promissora na investigação da etiologia, melhora do prognóstico e abordagem de tratamento no curso clínico de transtornos de humor na psiquiatria. Apesar do aumento das pesquisas na área de cronomedicina e das evidências que ligam a depressão à disrupção dos ritmos biológicos, ainda sabemos pouco sobre a ritmicidade dos sintomas de humor em si. Pesquisas recentes apontam que existe uma correlação positiva entre a presença de um pico percebido em fatores afetivos, cognitivos e somáticos e sintomas psiquiátricos gerais e depressivos. Estudos que avaliam a ritmicidade percebida ao longo do dia de fatores afetivos, cognitivos e somáticos que frequentemente estão envolvidos em transtornos do humor são escassos em populações de adolescentes. Uma explicação para essa lacuna de conhecimento é a ausência de ferramentas de avaliação validadas para tal fim. É possível que adolescentes também apresentem ritmos percebidos nos fatores afetivos, cognitivos e somáticos ao longo do dia. Além disso, é possível que esses fatores também estejam relacionados com sintomas psiquiátricos e de depressão. Objetivo: Esta tese tem o objetivo de descrever as etapas de adaptação do MRhI em uma versão para adolescentes (MRhI-Y), sua validação em adolescentes e sua relação com parâmetros de sono e sintomas depressivos em adolescentes da população geral. Metodologia: estudo transversal envolvendo 186 adolescentes de 12 a 17 anos estudantes de uma escola no interior do Rio Grande do Sul, Brasil. Na primeira parte do estudo a adaptação da versão em português brasileiro do MRhI para uma população adolescente seguiu três passos: revisão por consultores, análise por especialistas e teste piloto por meio de escala analógica visual (VAS). A consistência interna foi calculada usando o alfa de Cronbach e o ômega do McDonald's. As propriedades psicométricas do MRhI-Y foram avaliadas por meio da análise de fatores exploratórios (exploratory factor analysis, EFA). Na segunda parte do estudo os parâmetros circadianos do sono foram acessados pela versão em português da escala Munich ChronoType Questionnaire (MCTQ) e o cronotipo foi acessado pela versão em português da escala Puberty and Phase Preference Scale (PPPS). Os sintomas psiquiátricos foram acessados pela versão em português da escala Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) e os sintomas de depressão pela versão em português da escala Children's Depression Inventory (CDI). A ritmicidade percebida em fatores afetivos, cognitivos e somáticos foi acessada pelo MRhI-Y. O estudo foi realizado de acordo com as diretrizes éticas internacionais. Resultados: Estudo 1 O MRhI-Y foi adaptado e validado para uso em adolescentes. A avaliação dos especialistas sobre a qualidade dos itens do MRhI-Y variou entre 82 e 100%. Os adolescentes indicaram boa compreensão dos itens. Os coeficientes alfa de Cronbach e ômega do McDonalds foram 0,71 e 0,74 respectivamente. A EFA resultou em uma solução de três fatores (afetiva, cognitiva e somática). Adolescentes mais novos (12 a 13 anos) relataram menor escore total do que os grupos de adolescentes mais velhos (14-15 anos e 16-17 anos), mesmo controlando para cronotipo. Estudo 2 Este estudo mostrou associação da ritmicidade autopercebida em fatores afetivos e cognitivos com sintomas psiquiátricos em adolescentes. Verificou-se que uma maior autopercepção de ritmos em fatores afetivos estava associada à maior quantidade de sintomas psiquiátricos medidos pelo SDQ e maiores sintomas de humor medidos pelo SDQ emocional. Por outro lado, uma maior autopercepção de ritmos nos fatores cognitivos estava associada a menor quantidade de sintomas de depressão avaliados pelo CDI e sintomas psiquiátricos gerais avaliados pelo SDQ total. A autopercepção da ritmicidade em fatores somáticos não foi associada à sintomas psiquiátricos ou depressivos nos modelos de regressão múltipla. Além disso, a autopercepção de ritmicidade em fatores somáticos se correlacionou com maior duração de sono durante os finais de semana, maior jetlag social e cronotipo com menor preferência matutina. A autopercepção de ritmicidade em fatores cognitivos se correlacionou com cronotipo com maior preferência matutina. Após analises de regressão múltipla verificou-se que um cronotipo mais matutino, maior autopercepção de ritmicidade em fatores cognitivos e afetivos contribuíram no para maiores valores de SDQ total. Conclusão: Esta tese traz uma nova ferramenta para avaliar ritmos percebidos em fatores afetivos, cognitivos e somáticos em adolescentes com e sem transtornos psiquiátricos o MRhI-Y. Além disso, os estudos descritos na tese mostram que existe uma ritmicidade percebida em fatores afetivos, cognitivos e somáticos em adolescentes e que estas sofrem influência da idade, sexo, sintomas psiquiátricos e de depressão. Uma maior ritmicidade em fatores afetivos e uma menor ritmicidade em fatores cognitivos está relacionada a sintomas psiquiátricos e depressivos em adolescentes. Sendo assim, essa tese reforça a necessidade de estudar os transtornos de humor no adolescente levando-se em conta a Cronomedicina que traz o importante papel dos ritmos biológicos. ...
Abstract
Introduction: Biological rhythms are present and are important in diverse physiological processes of the human body ranging from genetic expression to more complex cognitive and motor functions. Research shows that dysfunctions in the circadian system can lead to the occurrence of various clinical and psychiatric diseases including mood disorders such as depression. Research on biological rhythms has increased and is promising in the investigation of etiology, improvement of prognosis and treat ...
Introduction: Biological rhythms are present and are important in diverse physiological processes of the human body ranging from genetic expression to more complex cognitive and motor functions. Research shows that dysfunctions in the circadian system can lead to the occurrence of various clinical and psychiatric diseases including mood disorders such as depression. Research on biological rhythms has increased and is promising in the investigation of etiology, improvement of prognosis and treatment approach in the clinical course of mood disorders in psychiatry. Despite the increase in research in Chronomedicine and the evidence linking depression to the disruption of biological rhythms, we still know little about the rhythm of mood symptoms. Recent research shows that there is a positive correlation between the presence of perceived peak in affective, cognitive and somatic factors and general and depressive psychiatric symptoms. Studies evaluating perceived rhythmicity throughout the day of affective, cognitive and somatic factors often involved in mood disorders are scarce in adolescent populations. An explanation for this knowledge gap is the absence of validated evaluation tools for this purpose. It is possible that adolescents also present perceived rhythms in affective, cognitive and somatic factors throughout the day. In addition, it is possible that these factors are also related to psychiatric symptoms and depression. Moreover, self-perceived rhythmicity in somatic factors correlated with longer sleep duration during weekends, greater social jetlag and lower morning preference (chronotype). The self-perceived rhythmicity in cognitive factors was correlated with higher morning preference (chronotype). After multiple regression analyses, we found that a more morning chronotype, higher self-perceived rhythmicity in cognitive and affective factors contributed to higher values of total SDQ. Objective: This thesis aims to describe the stages of adaptation of The MRhI in a version for adolescents (MRhI-Y), its validation in adolescents and its relationship with sleep parameters and depressive symptoms in adolescents from general population. Methodology: cross-sectional study involving 186 adolescents aged 12 to 17 years students from a school in the interior of Rio Grande do Sul, Brazil. In the first part of the study, the adaptation of the Brazilian Portuguese version of the MRhI for an adolescent population followed three steps: review by consultants, expert analysis and pilot test using visual analog scale (VAS). Internal consistency was calculated using Cronbach's alpha and McDonald's omega. The psychometric properties of MRhI-Y were evaluated by exploratory factor analysis (EFA). In the second part of the study, circadian sleep parameters were accessed by the Portuguese version of the Munich ChronoType Questionnaire (MCTQ) scale and the chronotype was accessed by the Portuguese version of the Puberty and Phase Preference Scale (PPPS). Psychiatric symptoms were accessed by the Portuguese version of the Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) and symptoms of depression by the Portuguese version of the Children's Depression Inventory (CDI) scale. The perceived rhythmicity in affective, cognitive and somatic factors was accessed by the MRhI-Y. The study was conducted according to international ethical guidelines. Results: Study 1 The MRhI-Y was adapted and validated for use in adolescents. The evaluation of the experts on the quality of the Items of the MRhI-Y varied between 82 and 100. The adolescents indicated a good understanding of the items. The alpha and omega coefficients of McDonalds were 0.71 and 0.74. EFA resulted in a three-factor solution (affective, cognitive and somatic). Younger adolescents (12 to 13 years) reported lower scores than older adolescents (14-15 years and 16-17 years), even controlling for chronotype. Study 2 This study showed an association between self-perceived rhythmicity in affective and cognitive factors with psychiatric symptoms in adolescents. It was found that higher self-perception of rhythms in affective factors was associated with a greater number of psychiatric symptoms measured by the SDQ and more mood symptoms measured by the emotional SDQ. On the other hand, higher self-perception of rhythms in cognitive factors was associated with a lower number of depressive symptoms assessed by CDI and general psychiatric symptoms assessed by the total SDQ. Self-perceived rhythmicity in somatic factors was not associated with psychiatric or depressive symptoms in multiple regression models. Conclusion: This thesis brings a new tool to evaluate perceived rhythms in affective, cognitive and somatic factors in adolescents with and without psychiatric disorders, MRhI-Y. Furthermore, the studies described in the thesis show that there is a perceived rhythmicity in affective, cognitive and somatic factors in adolescents and that they are influenced by age, sex, psychiatric symptoms and depression. A higher rhythmicity in affective factors and a lower rhythmicity in cognitive factors are related to psychiatric and depressive symptoms in adolescents. Thus, this thesis reinforces the need to study mood disorders in adolescents taking into account Chronomedicine that brings the important role of biological rhythms. ...
Institution
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria e Ciências do Comportamento.
Collections
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Health Sciences (9093)Psychiatry (439)
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